São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 1995
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C.J. Chenier faz show vibrante e alegre

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

Artista: C.J. Chenier & The Red Hot Louisiana Blues
Onde: Bourbon Street (Rua dos Chanés, 127, Moema, tel. 011/61-1643)
Quando: Hoje, às 22h
Quanto: R$ 29 (consumação de R$ 5)

Sanfona rima com blues. Pelo menos rima com zydeco, ritmo originário de Nova Orleans (EUA) derivado do blues e da música francesa.
O sanfoneiro C.J. Chenier comprovou isso anteontem à noite na sua primeira apresentação no Bourbon Street Blues Fest'95. Hoje é a última chance para assistir seu show balançante.
A Red Hot Louisiana Band abriu a noite para esquentar o público. É uma trupe com alguns tipos esquisitos.
O baixista Ernie Cosse é um baixinho cabeludo e balofo, o guitarrista Harry Hypolite usava um terno vermelho brilhoso. Há também o baterista Greg Gordon e o guitarrista Mark Major.
O percussionista Clifford Alexander Jr. é um capítulo à parte. Com uma chapa de metal pendurada no pescoço -de onde ele tirava sons- ele se assemelhava ao homem de lata do filme ``O Mágico de Oz".
A bizarrice do grupo combina com o visual do chefão. Chenier entrou no palco trajando um implausível terno roxo com apliques metalizados.
Mas o estranhamento visual é substituído pelo encantamento sonoro.
O zydeco é vibrante, acelerado e alegre. Não precisou muito para Chenier deixar o Bourbon com cheiro de festa do interior.
O zydeco se assemelha a ritmos nordestinos. Por vezes, o andamento é de forró, e os músicos usam triângulo, pandeiro, apito e sino -como em ``Louisiana Two Step".
Chenier intimou o público a dançar e transformou o Bourbon em um pequeno salão de baile.
E, é bom registrar, arrancar senhoras de meia-idade da cadeira para balançar os quadris em um ritmo agitado não é tarefa fácil. Teve quem dançasse de terno e copo de uísque na mão.
Não sabendo como dançar o zydeco, o público improvisou o que sabia. Dançou como se ouvisse forró, lambada, rock anos 50, samba, bloco afro.
Chenier foi desfiando suas composições durante quase duas horas de show. A maior parte do repertório era de ``Too Much Fun", seu último disco. Coisas como ``Zydeco Cha Cha", ``Give Me Some Of That", ``Bad Luck" e ``Too Much Fun".
O final foi catártico. Chenier desceu do palco para tocar no meio do público. O ``homem de lata" foi junto.
Depois foi a vez da platéia retribuir. O show terminou com uma grande jam, com algumas pessoas subindo no palco para tocar instrumentos de percussão na clássica ``Caldonia".
Chenier se despede com um boa-noite em francês e a apresentação termina.
Uma ótima noite. É só rezar para não sentar perto de algum maluco participativo que cisma em solar com as mãos em concha durante todo o show.
O guitarrista Eddy Clearwater é atração da próxima semana no Bourbon Street Blues Fest'95.

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