São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 1995 |
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Revisão reconstitui obra de Jorge Amado
FERNANDO MOLICA
A mudança cromática não foi gerada por doença, mas por um conluio involuntário de revisores e editores que só agora foi corrigido. A alteração da cor da perna de Gabriela foi apenas uma das cerca de mil alterações feitas ao longo dos anos neste livro do escritor Jorge Amado, 83, e que só vieram a ser descobertas recentemente. Isto, graças a um projeto desenvolvido por Paloma Amado, 44, filha do escritor, e patrocinado pela Organização Odebrecht, que doou cerca de US$ 1 milhão. O projeto deve levar cinco anos e visa fazer a ``fixação do texto" de toda sua obra, com 33 títulos. O trabalho principal é feito por Paloma que compara a primeira com a última edição de cada livro. Nas dúvidas, recorre ao pai. O trabalho inclui a reconstituição das ilustrações de cada volume. Os primeiros frutos são as novas edições de ``Gabriela, Cravo e Canela", ``Capitães da Areia", ``Terras do Sem Fim" e ``Jubiabá" -lançados pela editora Record ontem na Bienal do Livro, no Riocentro, zona oeste do Rio. As mil alterações em ``Gabriela" são superadas de longe pelos 2.265 erros encontrados por Paloma em ``Capitães da Areia". A contagem não levou em conta as alterações geradas pelas mudanças ortográficas ocorridas. A maior parte das alterações refere-se a erros de pontuação que, muitas vezes, modificam o sentido de frases. Foram encontradas também trocas de palavras. Houve também casos de alterações de frases pois Amado chegou a reescrever trechos. No trecho sobre a coxa de Gabriela, Amado escrevera que o árabe Nacib, ao olhar para a amada, viu ``a brancura do luar sobre a coxa". Coxa que, a partir de ontem, voltou a ter cor de canela. Texto Anterior: Rio incluem anjos e bruxas Próximo Texto: Mostra faz homenagem a cineasta tcheco Índice |
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