São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 1995
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Fazendo história

O clima de frustração e ceticismo que os últimos acontecimentos brasilienses criaram são justificados e não podem ser subestimados. Mas cabe também perguntar se daqui a dois, cinco ou dez anos o historiador que se voltar para a sociedade brasileira colocará em pé de igualdade o ``affair" Econômico e a promulgação, pelo Congresso, de importantes emendas à Constituição.
É cedo para responder a essa pergunta, mas nem por isso é precipitado fazê-la.
Com a presença de 13 ministros de Estado, o presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), promulgou 4 das 5 emendas à Ordem Econômica que o Parlamento levou seis meses para analisar e votar. Foi um processo rápido para os padrões brasileiros de atividade parlamentar e que só por isso já mereceria destaque.
Promulgadas as emendas da distribuição do gás canalizado, da navegação entre os portos do país, a que elimina a discriminação de empresas de capital estrangeiro e a que põe fim ao monopólio do Estado nas telecomunicações, tem início um processo de transformação que não pode ser subestimado.
A transformação, evidentemente, não será instantânea. Exige ainda um esforço complementar, de elaboração de uma legislação regulamentadora, cuja complexidade técnica e política é relevante.
O governo, envolto como está agora em denúncias, pressões e desgaste, perdeu uma oportunidade importante de mostrar que o país está mudando, que o tempo não pára e a história brasileira nem sempre decepciona.

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