São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 1995
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Cinecittà nasceu das cinzas de um épico

DO ``LE MONDE"

Os grandes estúdios da era de ouro do cinema italiano se recusam a ser apenas mais uma atração turística de Roma
Se considerarmos como condição indispensável que um paraíso apenas deva ser concebido quando ameaçado pelo desaparecimento. No caso presente, as condições estão preenchidas.
Não resta dúvida que, com seus grandes edifícios ocres no meio de um bosque de pinheiros verdes, as próprias cores da Cidade Eterna, Roma, e no perfume das moitas de loureiros, Cinecittà é uma enseada de pura beleza.
No ano passado, houve o medo de que esse jardim de cinema se tornasse um parque turístico para conhecer os palcos de filmagem, os cenários, as trucagens, como em Hollywood -com os estúdios da Universal- ou Berlim -com os estúdios de Babelsberg.
Mas a experiência fracassou. Só há visitas restritas e reservadas aos estudantes de cinema. Quando alguém quer comprar bilhetes para o ``tour", os funcionários respondem com desdém: ``Que tour?".
Na verdade, para entrar é preciso ter um encontro com alguém e mostrar uma credencial e passaporte na portaria. O que dá tempo para olhar as fotos que estão dependuradas nas paredes e que mostram o início de Cinecittà.
Introduzido na Itália logo após sua invenção na França, o cinema se desenvolveu rapidamente. Em 1906, a sociedade de produção Cines foi fundada em Roma.
O cinema mudo italiano explora com sucesso o filão do filme histórico e, mais precisamente, o do ``péplum". Desde 1908, tem-se uma primeira versão (de uma longa série) dos ``Últimos Dias de Pompéia", ``Maciste" e o inesquecível ``Quo Vadis".
O destino faz bem às coisas: os locais da Cines começavam a ser um pouco estreitos para suas atividades florescentes, quando numa bela noite calma, em 26 de setembro de 1935, um incêndio violento destruiu os estúdios da Via Veio.
Para uma casa que soubera contar como Nero incendiara Roma para reconstruí-la a seu bel-prazer, a coincidência era engraçada. Luigi Freddi, então diretor-geral da cinematografia, conta em sua autobiografia, ``Il Cinema".
``Enquanto as testemunhas olhavam com angústia o braseiro e pensavam nas esperanças destruídas, nos projetos irrealizáveis, nesse instante dramático nasce a Cinecittà". É impossível mostrar de modo mais imediato, como um filósofo e um pragmático.

LEIA MAIS
sobre Roma e Cinecittà na pág. 6-20

Tradução de Bertha Halpern Gurovitz

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