São Paulo, sexta-feira, 18 de agosto de 1995
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China faz teste de bomba atômica

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A China realizou ontem seu 43º teste nuclear. Uma bomba atômica foi explodida sob o solo em Lop Nor, oeste do país, por volta das 9h de ontem (22h de anteontem em Brasília).
Sismologistas na Austrália detectaram um abalo de 5,6 graus na escala Richter por causa da explosão -equivalente a um terremoto de média intensidade. A bomba tinha poder de destruição equivalente a de 20 a 80 mil toneladas de dinamite (ou quilotons).
O último teste havia ocorrido em 15 de maio, no mesmo local. Especialistas avaliam que a China está desenvolvendo armas atômicas miniaturizadas.
O teste de ontem ocorreu menos de 24 horas após o governo de Pequim expulsar do país oito ativistas do grupo ambiental Greenpeace, e causou protesto em todo o mundo (leia textos abaixo).
A principal campanha do Greenpeace, nos últimos meses, é para convencer a França a não realizar testes nucleares no atol de Mururoa, no Pacífico Sul. Apenas França e China ainda realizam testes nucleares, mas a França diz que os seus testes, a partir de setembro, serão os últimos.
O governo chinês admitiu a realização dos testes -o que é raro. O Japão havia anunciado no início do mês que a China estava preparando provas.
Chen Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, disse que a China deve, após 96, propor a destruição de todas as armas nucleares, e que os testes são necessários porque o programa nuclear chinês está muito atrasado em relação aos programas dos EUA, da França, do Reino Unido e da Rússia, os outros países que admitem ter armas nucleares.
Os governos da Austrália, Nova Zelândia, Indonésia, Vietnã, Coréia do Sul e Japão, além de vários países ocidentais, emitiram notas protestando contra o teste. Na qualidade de países próximos à China, eles se sentem ameaçados.
A reação mais irada foi a dos japoneses, que ameaçaram com sanções contra os chineses. O Japão é o único país a sofrer os efeitos do uso militar de bombas atômicas (em Hiroshima e Nagasaki).
O governo de Taiwan protestou contra testes de mísseis convencionais no mar, 136 km ao norte da ilha. Segundo o Ministério da Defesa, os chineses fizeram três dias de testes, vistos por Taiwan como uma ameaça. Os países não se reconhecem mutuamente.
Os governos do Cazaquistão e Mongólia, os países mais próximos do local da explosão, não se manifestaram. A Rússia pediu o fim dos testes chineses.

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