São Paulo, sexta-feira, 18 de agosto de 1995
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Econômico, Banespa e Banerj

O poeta satírico romano Juvenal dizia que o que o povo quer é pão e circo. Os brasileiros hoje estão muito bem mais servidos do segundo do que do primeiro quesito.
As idas e vindas, recuos e avanços, todo o diz-que-diz que cerca o episódio da intervenção no Banco Econômico sugere que a questão ainda não está equacionada.
É bastante provável até que uma linguagem ambígua, diplomática, acrescida da irresistível inclinação de políticos para tentar vencer a batalha ``no grito", tenha contribuído ou mesmo provocado a guerra de declarações. Pouco importa.
O que importa é que o presidente Fernando Henrique Cardoso torne uma realidade a sua promessa de não colocar um ``tostão" do Tesouro no Econômico. Qualquer solução que implique gastos para a União contrariaria importantes objetivos do atual governo federal.
Socorrer com dinheiro público uma instituição privada mal-administrada seria uma afronta à idéia de justiça social, seria a consagração do ``capitalismo brasileiro", sem riscos para o capitalista e que socializa apenas as perdas.
Não se pode esquecer de que também outros bancos sob intervenção do BC, como Banespa e Banerj, estão exigindo aportes quase diários, impondo pesadas perdas aos contribuintes. Cumpre, portanto, privatizá-los ou mesmo liquidá-los e não impor a toda a sociedade os ônus da má administração.
O presidente FHC não pode tergiversar, para não se tornar uma melancólica sombra cambaleante do intelectual com preocupações sociais que ele é. O povo precisa de mais pão e menos circo.

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