São Paulo, sábado, 19 de agosto de 1995
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Estado não pediu ajuda ao BC, diz pefelista

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Câmara dos Deputados, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), disse ontem que a Bahia não se sente responsável pelos R$ 3 bilhões que o BC (Banco Central) utilizou para socorrer o Banco Econômico.
``O que já foi colocado em dinheiro é uma questão do BC", disse. ``Ele não me pediu autorização para colocar. O BC colocou dinheiro (no Econômico) sem perguntar a mim nem a você."
O presidente da Câmara deu essas declarações ao almoçar na Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), em São Paulo.
O deputado responsabilizou o BC pelo agravamento da crise do Econômico. Para ele, o BC deveria ter tomado providências há quatro semanas, quando surgiram as primeiras notícias sobre os problemas de caixa do banco baiano.
``O que se esperava do BC? Duas coisas: ou a intervenção no banco ou o desmentido (da notícia)", declarou. ``De lá para cá (o BC) colocou mais R$ 2 bilhões".
Filho do senador Antônio Carlos Magalhães, pivô principal da crise com o governo no caso da suspensão da intervenção no Econômico, Luís Eduardo afirma que houve recuo de Fernando Henrique Cardoso no acordo para resolver o problema do banco.

Agradecer o quê?
``Não há dúvida de que o governo anunciou uma solução", disse, ao se referir ao acordo feito na última terça-feira entre FHC e políticos baianos. ``Senão, o que os deputados foram fazer no Planalto? Agradecer o quê?"
``Foram agradecer porque tinham encontrado uma solução", afirmou. Na quarta-feira, um dia após o acordo para a estatização do Econômico, o governo disse que só suspendia a intervenção se o governo baiano conseguisse R$ 1,8 bilhão.
Isso fez com que Luís Eduardo chamasse anteontem essa decisão de ``babaquice". Ontem, ele explicou o uso dessa expressão. Para ele, seriam necessários apenas R$ 400 milhões para o Econômico cobrir os depósitos que correntistas baianos têm no banco.
``Ora, como é que eu vou pedir R$ 1,8 bilhão para alguém que pode com R$ 400 milhões resolver seu problema?", declarou Luís Eduardo. ``Não pude nem levar muito a sério isso", afirmou.
Apesar das críticas do deputado, outros políticos baianos não acreditam muito em solução para o Econômico. ``Para um banco, é muito mais importante credibilidade do que capital", disse o deputado Benito Gama (PFL), também presente ao almoço.

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