São Paulo, sábado, 19 de agosto de 1995
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Especulação faz crescer a reserva do país

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As reservas do governo (em dólar, outras moedas fortes e ouro) cresceram de US$ 33,512 bilhões, em junho, para US$ 41,823 bilhões no mês passado.
O crescimento se deve, principalmente, ao ingresso de capital especulativo no país.
A parcela das reservas à disposição imediata do Banco Central (ou pelo conceito de caixa) subiu de US$ 31,492 bilhões para US$ 39,780 bilhões, atingindo os patamares de novembro do ano passado, quando começou a cair.
Não se trata de uma boa notícia, como pode parecer. As reservas cresceram porque o BC foi obrigado a comprar os dólares que entraram no país. Do contrário, as cotações da moeda norte-americana desabariam, prejudicando as exportações.
No início do Plano Real, ter um grande volume de reservas era importante para o governo. Serviriam para, quando necessário, vender dólares no mercado e manter baixas as cotações -colaborando para o controle da inflação pela chamada ``âncora cambial", que vem mantendo o real valorizado em relação ao dólar.
A expectativa, portanto, era de uma queda gradual e contínua do volume das reservas.
Mesmo porque, com a queda do dólar, as importações acabariam por superar as exportações -o que aconteceu de novembro de 94 a junho de 95, gerando o déficit comercial.
Hoje, entretanto, a política do governo é a de valorizar continuamente o dólar para reverter os déficits comerciais.
Isso faz com que o BC compre os dólares em sobra no mercado, elevando as reservas.
Não há mais porque elevar as reservas, entende o BC. Há preocupação, inclusive, com o chamado custo de carregamento das reservas: o país paga até 60% ao ano de juros a investidores estrangeiros. Aplicadas no exterior, as reservas não chegam a render 8% anuais.

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