São Paulo, sábado, 19 de agosto de 1995
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Polícia é conivente, diz delegado

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O chefe de Polícia Civil, delegado Hélio Luz, 49, afirma que os grandes traficantes do Rio estão em liberdade graças à conivência policial.
Na avaliação de Luz, ao longo dos anos os ``chefões" se acostumaram a pagar policiais para não ser presos.
A suspeita do chefe de Polícia Civil é uma certeza para o diretor da DRE (Divisão de Repressão a Entorpecentes), delegado Reginaldo Guilherme da Silva.
Silva disse à Folha que todos os grandes líderes do tráfico de drogas já foram ``minerados".
O termo ``minera" é empregado no Rio como sinônimo de extorsão praticada por policiais contra criminosos.
``Todos eles já foram presos e `minerados'. Acredito até que mais de uma vez. O problema é que, infelizmente, existem os maus policiais", afirmou o diretor da DRE.
Uma das características dos líderes do tráfico carioca é a duração do tempo de comando. Uê, Miltinho do Dendê, Robertinho de Lucas e Jorge Luiz são acusados de chefiar as quadrilhas das favelas onde foram criados há anos.
Outra semelhança é que todos têm mais de 20 anos de idade, considerada pela polícia como a média de vida do traficante em ação no Rio.
O veterano da cúpula é Miltinho, que também é conhecido por Mais Velho. Ele tem 38 anos e desde os anos 70 seria o chefe do tráfico morro do Dendê (zona norte do Rio).
Robertinho, 34, lidera Parada de Lucas há 15 anos, segundo a polícia.
A idade de Uê é desconhecida. A Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) acredita que ele tenha entre 30 e 32 anos.
Desde a primeira metade da década de 80 Uê estaria chefiando traficantes no seu reduto, o morro do Adeus, em Ramos (zona norte).
Jorge Luiz, 28, é o caçula dos líderes do tráfico de drogas. Há três anos ele consolidou seu comando em Acari (zona norte), após expulsar da favela o inimigo Parazão.
(ST)

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