São Paulo, sábado, 19 de agosto de 1995
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Louie Vega quer pôr fogo na pista de dança

EVA JOORY
DA REPORTAGEM LOCAL

O DJ e produtor porto-riquenho Little Louie Vega, 31, um dos mais importantes da atualidade, toca pela primeira vez no Brasil em outubro. Ele se apresenta em São Paulo, nos dias 6 e 7, no clube Sound Factory, e dia 8 no Rio, no Dr. Smith.
Há 15 anos na cena dance, Vega é o responsável pela revolução underground que tomou conta das pistas de dança, difundindo uma house music (de batida pesada) com fortes influências latinas.
Ao lado de outro DJ e produtor, Kenny ``Dope" Gonzalez, Vega fundou a dupla Masters at Work, que produz remixes para divas como India (mulher de Vega) e Barbara Tucker, para artistas latinos como River Ocean e, mais recentemente, para a banda Nuyorican Soul, somando mais de 500 discos.
Em entrevista exclusiva à Folha, por telefone, de Nova Jersey, Vega diz estar bastante empolgado com sua vinda ao Brasil: ``Ouvi dizer que a cena dance está acontecendo no Brasil. Quero fazer uma noite inesquecível, quero ver a pista pegar fogo".

Folha - Você esperava que a dance se tornasse um fenômeno?
Little Louie Vega - Sim. As pessoas sempre viram a música como uma fonte de diversão e a dance music é a melhor maneira porque tem uma energia positiva.
Folha - Como explica isso?
Vega - A cada vez que a música fica exposta, ela ganha mais público. A dance music está mais híbrida. Isso é bom, traz variedade.
Folha - Você é fiel às suas raízes latinas e à house music. Como combina os dois?
Vega - Kenny e eu temos diversas influências. Ele veio da cena de hip-hop e eu tenho influências de salsa e do jazz latino. Estamos sempre experimentando.
Folha - Foi difícil impor essas influências na dance?
Vega - Discos como ``Love and Happiness", de River Ocean, cantados em espanhol, quebraram o gelo. Todo mundo adora percussão. É uma parte muito importante da cultura musical latina. Criei uma fórmula nova ao misturar estilos como tribal, jazz, house.
Folha - Como você escolhe suas parcerias?
Vega - A parte mais importante de uma parceria é saber colaborar. Sou muito bom nisso. Posso trabalhar com muita gente e tirar coisas boas de todos.
Folha - Como conheceu Kenny?
Vega - Foi o produtor Todd Terry, de quem sou fã, quem nos apresentou. Estamos juntos como Masters at Work desde 90.
Folha - Como vê a diferença do que acontece na cena dance nos EUA e na Europa?
Vega - Nos EUA, a música não é comercial, tudo é muito underground. Na Europa, ela alcança as massas, pelo rádio e pela TV. Mas o movimento está se expandindo. Quando toco discos da India e ouço as pessoas gritando, é sinal de que algo está acontecendo. Quando lançamos projetos como The Bucketheads com ``The Bomb", pensamos em como encher uma pista nos mantendo fiéis ao nosso estilo.
Folha - Vocês fizeram um novo remix para ``I Can't Get no Sleep", da India. Como fazer uma nova versão para uma música que já é um hit?
Vega - Acredite, é bastante difícil. As pessoas se acostumaram com aquele som, então temos que recriar uma energia tão boa quanto a anterior. O que levantou a música foram os novos vocais que India incluiu no final.
Folha - Como é trabalhar com sua mulher? Vocês têm um novo projeto?
Vega - India me ensina muito. Além de ser uma cantora excelente, é ótima compositora. Agora ela está viajando com uma banda de salsa. Nenhum outro artista faz isso. Mas ela não esquece a dance, isso é o que mantém seu frescor. Depois ela grava um disco de ``latin jazz" com Tito Puente e comigo, grava uma faixa dance chamada ``Sunshine".
Folha - Os vocais são fundamentais para a dance?
Vega - Claro! Quando as pessoas deixam o clube, elas vão se lembrar da letra e não da batida.
Folha - Como vê a criação de bons selos dedicados exclusivamente à dance como Strictly Rhythm e Tribal America?
Vega - É um fato muito importante para a dance. Kenny e eu fundamos o selo MAW (de Masters at Work), pelo qual lançamos dois hits, ``Moonshine" e ``Everybody Be Somebody".

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