São Paulo, sábado, 19 de agosto de 1995
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A revolta dos contribuintes; Tiroteio; Desaparecidos; Sem mistério; Assiduidade; Liberdade incompleta; Escorregada do Simão

A revolta dos contribuintes
``Soquei o jornal. Nassif (18/8) colocou nos seus devidos lugares os acontecimentos sobre o Econômico sem aquela choradeira oportunista da pág. 1-2 (exceto Clóvis Rossi e Josias de Souza). Foi objetivo sem ser adulador. Os dedos, senhor colunista de Foz do Iguaçu e caterva esquerdista, não foram cortados, viraram punho. A história registrará a luta de um homem (Fernando Henrique Cardoso) para modernizar o Brasil contra coronéis, burocratas, fisiológicos e oportunistas. Assim como superou as eleições, a crise cambial, as votações no Congresso, a teimosia de Itamar, o caso Lucena, também saberá impor as reformas que faltam. Minha solidariedade."
Raul Alberto Iacaruso (Americana, SP)

``É preciso mudar um pouco o discurso dos jornalistas e políticos sobre o caso Econômico. É preciso separar as brigas políticas envolvendo BC, ACM, FHC e Ângelo Calmon da situação dos clientes, funcionários e demais prejudicados com essa situação. O BC conhecia o problema do Banco Econômico há muito tempo. Por não agir adequadamente à época, quando o `rombo' era controlável, podemos denominá-lo negligente, irresponsável e cúmplice da má administração do banco, permitindo que a situação se agravasse, tornando-se insustentável. Não é justo que os contribuintes paguem a conta, porém também não é justo que clientes e funcionários que não têm acesso a informações privilegiadas a paguem. O acesso a informações sigilosas sobre o Banco Econômico, em poder do Banco Central, fornecidas e publicadas pelo repórter da revista `Veja', foi no mínimo `irresponsável', pois decretou o esvaziamento dos depósitos do Banco Econômico. É preciso agir para que o Banco Central assuma responsabilidades pelos acontecimentos, para que problemas como esse não ocorram mais."
Carlos Passini (São Paulo, SP)

``Ninguém ainda informou como o Banco Central tratará os credores externos. Será de forma isonômica aos internos ou terão tratamento privilegiado, como no caso do Comind e Auxiliar? Banqueiros em geral têm obrigação de conhecer riscos de crédito e deveriam saber, melhor que o público, o que faziam antes de emprestar seu capital ao Brasil e particularmente ao Banco Econômico. A taxa de juros cobrada foi proporcional ao risco assumido."
Igor Cornelsen (São Paulo, SP)

``Não entendo um absurdo desses: o governo diz que não pagará as contas do Econômico, porém o BC está pagando ou honrando as dívidas no exterior. E a palavra de FHC, como fica nessa história?"
Manoel Ribeiro Santos (São Bernardo do Campo, SP)

Tiroteio
``Ofensa moral pessoal. Essa é a resposta da atual gestão municipal de São Paulo aos que lhe fazem críticas. A última vítima (de uma longa lista) dessa incapacidade da gestão malufista de conviver com o debate democrático foi o vereador Odilon Guedes, que denunciou o injustificado aumento das tarifas de ônibus. A participação do vereador em dois conselhos municipais tornou-se, na versão malufista, acúmulo de empregos públicos. As ajudas de custos tornaram-se acúmulo indevido de salários. Não foi lembrado que o competente e honesto vereador participou do Conselho do Funaps da Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano do governo petista de São Paulo sem ganhar sequer ajuda de custo para trabalhar."
Ermínia Maricato, seguem-se mais seis assinaturas (São Paulo, SP)

``O vereador Odilon Guedes acumulou três salários pagos com o dinheiro público na gestão passada. Até agora não devolveu esse dinheiro, apesar de instado a fazê-lo pelo Tribunal de Contas do Município. As pessoas que escrevem por ele e a favor dele neste `Painel do Leitor' querem relevar esse fato. Dizem que não era salário, mas `ajuda de custos'. Dizem que não era emprego, mas `participação'. Fernando Collor, PC Farias e os `anões' do Orçamento também se valeram de eufemismos para encobrir falcatruas. Cobrar que a Constituição -que em seu artigo 37 veda o acúmulo de cargos- seja cumprida não é ofensa moral. Ofensa moral e incapacidade para o debate democrático é pensar, e agir, como se a lei só valesse para os outros."
Adilson Laranjeira, assessor-chefe de imprensa da Prefeitura de São Paulo (São Paulo, SP)

Desaparecidos
``As recentes declarações do ministro da Marinha sobre o problema dos desaparecidos políticos demonstram até que ponto se embotou entre nós o sentimento da honra militar. Sua excelência considera que a tortura e o estupro de prisioneiros políticos ou a execução planejada de pessoas indefesas representam legítimas operações bélicas ou riscos normais a que se submeteram, voluntariamente, os adversários políticos do regime militar."
Fábio Konder Comparato, professor titular da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Sem mistério
``Nós aqui do colégio Sagrado Coração de Maria queremos parabenizar a Folha pela seção `Sem Mistério'. Estudamos muito as curiosidades da Folha nas aulas de ciências. Queremos pedir que continuem com a seção. Ela está nos ajudando muito nas aulas."
Joana Guimarães Couto e Casella, seguem-se mais 41 assinaturas de alunos da 4ª série A,B e C do colégio (Belo Horizonte, MG)

Assiduidade
``Com o objetivo de restabelecer a verdade e para conhecimento do público encaminho declaração fornecida pelo Departamento de Pessoal da Câmara dos Deputados dando conta do meu comparecimento às sessões deliberativas da Casa, onde constata-se que, no decorrer do primeiro semestre, participei de todas as sessões. Reconheço a isenção desse órgão de imprensa, cuja postura lhe garante grande credibilidade perante a opinião pública, portanto, acredito que, como outros parlamentares, haverei de merecer uma nota que venha reparar junto à comunidade de Brasília a confiança daqueles que acreditam no meu trabalho e a dedicação que tenho em desempenhar, cotidianamente, o mandato que me foi confiado."
Benedito Domingos, deputado federal pelo PP-DF (Brasília, DF)

Nota da Redação - O nome do deputado não consta da lista do painel eletrônico do dia 21/7. As listas, usadas pela Folha para fazer o levantamento, são fornecidas pela seção de Atas da Câmara e servem para o controle da Secretaria Geral da Mesa.

Liberdade incompleta
``A Folha de 17/8 traz na pág. 2-8 reportagem sobre a Indonésia, que comemora 50 anos de sua libertação da Holanda. Parabenizamos o povo indonésio, que se libertou do jugo colonial. Ao mesmo tempo, lembramos que nas principais capitais do mundo houve protestos contra o ditador Suharto, que domina com mão de ferro o país desde 1965 e inclusive invadiu há 20 anos Timor Leste, país-irmão de língua portuguesa. Anexou esse território por meio de violenta opressão, condenada pela ONU, responsável por inúmeros massacres que mataram aproximadamente 300 mil timorenses, em uma população de 700 mil. Xanana Gusmão, líder do povo timorense, novo Nelson Mandela, continua preso..."
Lilia Azevedo e frei João Xerri (São Paulo, SP)

Escorregada do Simão
``Considero José Simão um dos mais inteligentes jornalistas deste país. E um dos mais ilustrados. No entanto, no dia 17/8 você escorregou: broxa é com x. É só consultar o Aurélio -que não é um dos melhores dicionários, mas talvez o mais popular. Na pág. 288 você encontrará que a palavra se origina do francês ``brosse". Originou o chamado pincel grande. Em português chulo, broxa (com x) significa indivíduo impotente sexualmente."
Luciano Pinheiro (Fortaleza, CE)

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