São Paulo, domingo, 20 de agosto de 1995
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Brasil invade EUA com sandália e mãe-de-santo

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

No início dos anos 40, os EUA tiveram um caso de amor com o Brasil, fascinados pelas figuras exóticas de Carmem Miranda, Zé Carioca e companhia.
Meio século depois, os norte-americanos e também os europeus voltam a ser atraídos por personagens e produtos ``made in Brazil". O cardápio vai de sandálias de plástico a mãe-de-santo.
Um dos exemplos mais bem-sucedidos é o da vidente paranaense Amira Lepore, 49. Proprietária de um terreiro de umbanda no bairro do Queens, em Nova York, ela já leu a sorte e deu passes espíritas em mais de 10 mil pessoas desde que chegou aos EUA, em 1988.
Instalado numa região do Queens dominada por hispânicos, a língua oficial do terreiro de umbanda (ou templo, como prefere a vidente) é o portunhol.
Cerca de 50% dos clientes de Amira são latinos que vivem nos EUA. Os norte-americanos são 20% da clientela e os 30% restantes são formados por brasileiros que se dão ao luxo de pagar uma passagem de avião para os EUA apenas para se consultar com ela.
Mas não é só entre os brasileiros abonados que Amira faz sucesso. A cartomante também é procurada por ricos e famosos dos EUA e até da Europa. ``Já li a sorte de Steven Spielberg (cineasta) e do ator Sylvester Stallone", disse Amira à Folha (leia texto abaixo).
Fazer sucesso nos EUA com produtos tipicamente brasileiros não é privilégio de Amira.
O baiano Jelon Vieira, 42, é mestre de capoeira e vive em Nova York há 20 anos. Já deu aula para os atores Eddie Murphy, Wesley Snipes e Mel Gibson.
Segundo Vieira, nos últimos dez anos, pelo menos cem academias de capoeira foram abertas nos EUA, principalmente em Nova York e na Califórnia.
``Quando cheguei aqui, em 75, o Brasil era lembrado por Carmem Miranda e, um pouco, pela Bossa Nova. Hoje, tem produtos brasileiros nas vitrines das lojas mais chiques, há shows de MPB pelo menos uma vez por mês", diz Vieira.
A invasão da moda brasileira é o mais recente fenômeno da redescoberta do Brasil pelos americanos. Para comprovar, basta andar pela 5ª Avenida, em Nova York.
Bolsas, sapatos e cintos ``made in Brazil" ocupam vitrines das lojas mais badaladas, como a Barney's, Bergdorf Goodman, Henri Bendel e Bergdorf Goodman.

LEIA MAIS Sobre a invasão de produtos brasileiros nos EUA e Europa nas págs. 3 a 5

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