São Paulo, domingo, 20 de agosto de 1995
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Cresce número de prestações atrasadas

DA REPORTAGEM LOCAL

O desaquecimento da economia nos últimos meses deixou parte dos consumidores em dificuldades para pagar em dia os seus compromissos, inclusive os financiamentos de imóveis a longo prazo.
O problema causa turbulência no setor e ameaça em especial construtoras que financiaram diretamente seus empreendimentos.
A MTB, por exemplo, registra 32% de atraso nos pagamentos das prestações mensais das 432 unidades que está construindo.
Na Zarvos, segundo seu diretor-financeiro, José Luís Ferreira, menos da metade dos pagamentos são feitos pontualmente.
Ferreira explica que a maior parte é quitada já no mês seguinte ao vencimento. Mesmo assim, 10% dos clientes estão com mais de uma prestação atrasada.
Quase todas as empresas enfrentam problemas semelhantes. Na Zarif Canton, a inadimplência atinge 15% do total de clientes.
Na BCI Barril, um quinto dos compradores não cumpre o prazo de pagamento das prestações.
A situação só não é mais grave porque as empresas procuram facilitar o pagamento das dívidas -e o atraso atinge compradores de imóveis de todos os padrões.
A MTB, por exemplo, é especializada em apartamentos de alto padrão construídos pelo sistema de preço de custo (o comprador paga conforme o prédio é construído).
Augusto Toledo diz que são os pequenos e médios empresários e os profissionais liberais que estão atrasando os pagamentos.
A Master Incosa tem maiores problemas de falta de pagamento entre imóveis de classe média vendidos a preço fechado com financiamento direto da construtora.
A inadimplência foi de quase 5% entre os 2.300 clientes da empresa. O normal, segundo seu diretor de Incorporações, Alexandre Vasconcellos, seria de 2% a 2,5%.
Entre os clientes da Zarvos, diz Ferreira, os compradores de imóveis mais baratos são responsáveis pela maior parte dos atrasos.
Apesar disso, entidades representativas do mercado imobiliário não vêem uma tendência de aumento da inadimplência no setor.
``Não há motivo para preocupação", diz Cláudio Bernardes, vice-presidente do Secovi-SP (sindicato que reúne construtoras e imobiliárias de todo o Estado).
``Pode haver negociação, mas não inadimplência", afirma José Romeu Ferraz Neto, vice-presidente do Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção).
Nenhuma das entidades realiza levantamento sobre a inadimplência no mercado imobiliário.

LEIA MAIS
sobre a inadimplência na pág. 9-3

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