São Paulo, domingo, 20 de agosto de 1995
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Em drama argentino, quem chora é o público

SÉRGIO DÁVILA
DA REVISTA DA FOLHA

A atriz Grécia Colmenares, 32, tem o mesmo nome de sua mãe. Sua irmã se chama França; se Grécia tiver uma filha, confessa, a batizará de Itália.
A venezuelana Grécia tem um truque para fotografar: pede um instante, posta-se de costas para a câmera e, súbito, vira a cabeça, sorrindo. Nova fotografia, nova virada.
E ela é a melhor atriz de "Além do Horizonte", que a Manchete exibe de segunda a sexta, às 19h05. Faz par romântico com Osvaldo Laport.
A telenovela argentina é o horror, o horror.
Isso não seria surpresa, a julgar pela produção latina do gênero que tem chegado por aqui. Mas "Além do Horizonte" prometia um pouco mais.
Superprodução do magnata italiano Silvio Berlusconi, custou US$ 12 milhões, fez sucesso na Europa e foi tida como marco da TV portenha.
Engodo, enganação.
Ao acompanhar qualquer um dos 200 episódios que a Manchete ameaça exibir, você tem certeza de que se trata de brincadeira do pessoal do "Casseta & Planeta".
Grécia e Laport vivem um amor proibido em 1840, durante a colonização das Américas. Só desculpa histórica para eles chorarem, chorarem.
Como todo o elenco, a dupla encontra comparação de interpretação apenas no reino vegetal, família das cucurbitáceas: Grécia parece um chuchu, Laport, uma abóbora.
Contêineres de laquê devem ser gastos por gravação: todos os atores têm cabelos imensos. E suíças. Um deles é uma cruza perfeita de Zé Bonitinho com Menem (Laport interpreta ainda um índio, a cara do Renato Gaúcho).
O ritmo é arrastado. Leva-se cinco minutos para dizer adeus. A luz, difusa, incomoda. O cenário, um terror. Tudo faz pensar: e o Bussunda, não vai aparecer?
Pena que a novela é (bem) dublada: frases inteligentes como "Se não acreditarmos que sonhos se tornam realidade, então não vale a pena sonhar e não vale a pena viver" perdem muito da força dramática que teriam em espanhol.

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