São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 1995
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Cometa deve se transformar em espetáculo

JEFF HECHT
DA "NEW SCIENTIST"

Aquele que pode ser o maior cometa a visitar o Sistema Solar interior desde o Grande Cometa de 1811 deve iluminar o céu no outono de 1997.
O cometa Hale-Bopp foi descoberto em 23 de julho por dois astrônomos amadores, mas, ao contrário do que foi noticiado em alguns lugares, ele não está em rota de colisão com a Terra.
Ele passará a uma distância de 200 milhões de quilômetros, segundo Brian Marsden, do Centro de Astrofísica de Harvard-Smithsonian.
Astrônomos do Observatório Espacial do Sul, no Chile, disseram que o cometa pode se quebrar em várias partes antes que possa chegar até a Terra.
Apesar de ser impossível medir diretamente o tamanho do cometa, Marsden diz que seu brilho, descoberto a mais de 1 bilhão de quilômetros do Sol -entre as órbitas de Júpiter e Saturno-, sugere que seu núcleo deve ter até 100 quilômetros de diâmetro.
Cometas parecem ser muito maiores do que são de fato porque liberam gases e poeira.
Seus núcleos costumam ter uns poucos quilômetros de diâmetro. O cometa de Halley tem 16 quilômetros de diâmetro.
Astrônomos já encontraram cometas maiores, incluindo Chiron, um gigante de 200 quilômetros com uma órbita entre Saturno e Urano, e mais de uma dúzia de objetos semelhantes entre Netuno e Plutão, mas todos eles no chamado Sistema Solar exterior.
Marsden acredita que os grandes cometas de 1729 e 1811 eram gigantes que tinham órbitas de duração igual à do Hale-Bopp, de 2.000 a 4.000 anos.
O cometa de 1811 -ao qual foi creditado o anúncio da queda de Napoleão- era tão brilhante que pôde ser visto a olho nu, mesmo quando próximo do Sol.
"Foi um dos maiores de que se tem notícia, mostrando que cometas podem chegar a esse tamanho. Talvez a cada século ou dois você possa presenciar um desse tamanho", diz Marsden.
Alan Hale, de Cloudcroft, Novo México, e Thomas Bopp, de Stanfield, Arizona (ambos nos EUA), detectaram o cometa próximo à constelação de Sagitário com telescópios de 40 centímetros.
Em uma semana, os astrônomos fizeram mais de 200 observações. Isso permitiu a Marsden calcular que o cometa tem uma órbita de 3.000 anos, que o traz do Cinturão de Kuiper, depois de Plutão, para dentro da órbita da Terra.
O cometa gigante surpreendeu os profissionais porque eles normalmente identificam cometas muito mais simplórios que esse.
Muitos suspeitam que ele tenha sido descoberto graças a um clarão repentino.
No dia 2 de agosto, Rob McNaught, do Observatório Anglo-Australiano, em Nova Gales do Sul (Austrália), encontrou, entretanto, uma foto do céu de 27 de abril de 1993 que mostra uma imagem semelhante a um cometa, no lugar onde o Hale-Bopp deveria estar naquele momento.
Se essa imagem é a do cometa, isso significa que ele é imenso e deve se transformar em um espetáculo daqui a 20 meses.

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