São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 1995
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PF apura entrada clandestina de armas

MYRIAN VIOLETA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

A Polícia Federal está investigando a entrada clandestina de armas no Brasil pela fronteira com o Paraguai.
Em dez meses -de acordo com levantamento feito entre junho de 94 e maio deste ano pela PF-, a cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero (30 mil habitantes) importou 21.512 armas do Brasil.
``É lógico que essas armas voltam para o Brasil. É impossível que uma cidade consuma tanto armamento", diz o delegado Antônio Carlos Rayol, da Delegacia Fazendária da Polícia Federal no Rio de Janeiro, responsável pelo levantamento.
As armas são compradas no Paraguai sem exigência de documentação e, por isso, retornam ilegalmente ao Brasil.
Parte das armas tem calibre (diâmetro do projétil) proibido no Brasil, mas aceito no Paraguai, como pistolas 9 milímetros, 357 Magnum, 44 Magnum e ponto 40.
Nos dez meses do levantamento, foram exportadas para o Paraguai aproximadamente 4.000 armas desses calibres, segundo a PF. Algumas dessas armas são fabricadas por empresas brasileiras, mas somente para exportação.
Um revólver calibre 38 (cinco tiros, cabo de borracha), da marca Rossi, por exemplo, pode ser comprado no Paraguai sem documentação por R$ 165,00.
Em Campo Grande (MS), o mesmo revólver custa R$ 320,00 e exige a apresentação de cinco documentos para ser adquirido.
O delegado da Polícia Federal de Ponta Porã (a 328 km de Campo Grande), Raimundo Louzada, diz que é impossível fiscalizar os 700 km de fronteira com o efetivo atual. Segundo Louzada, as armas são levadas de volta para o Brasil em pequenos aviões -e não apenas por via terrestre-, o que torna mais difícil a apreensão.
Louzada diz que não pode divulgar o número de policiais que dispõe ``por uma questão de estratégia", mas afirma que necessitaria de pelo menos 60 homens.
Na semana passada, os policiais apreenderam mais de 5.000 cartuchos de balas de diversos calibres.

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