São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 1995
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Torcedores brigam em jogo de juniores e adiam estréia do Corinthians no Brasileiro

MÁRIO MOREIRA; MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

As torcidas de Palmeiras e São Paulo travaram uma guerra, ontem, no estádio do Pacaembu.
A batalha, de socos, paus e pedras, aconteceu em seguida à conquista, pelo Palmeiras, da Supercopa São Paulo de Juniores, pouco depois do meio-dia.
Segundo balanço oficial, 80 torcedores e 22 policiais saíram feridos. Um dos feridos graves é Paulo Serdan, presidente da Mancha Verde, a maior e mais violenta torcida organizada do Palmeiras, atingido no olho esquerdo.
Serdan foi atendido no hospital São Camilo (zona oeste de São Paulo), mas não corre risco de ficar cego desse olho.
Há também oito internados no Hospital das Clínicas e quatro na Santa Casa, ambos na região central de São Paulo.
Um torcedor foi operado na cabeça. Jean Silva Bosco, que foi atingido com uma paulada na cabeça, está desaparecido, segundo sua mãe, Vandete.
A destruição de partes do alambrado, de cadeiras do estádio e o risco de novos conflitos levaram o presidente interino da Federação Paulista de Futebol, Rubens Aprobatto Machado, a adiar a partida Corinthians x Bragantino.
Esse jogo, pela primeira rodada do Campeonato Brasileiro, ocorreria às 16h no mesmo estádio.
A FPF também proibiu a realização de jogos de futebol no Pacaembu, por prazo indeterminado.
Os conflitos começaram dois minutos depois que o atacante Rogério fez o único gol do jogo, aos 5min50 do primeiro tempo da prorrogação.
Seguindo o sistema de ``morte súbita", o gol decretou o fim do jogo, com a vitória do Palmeiras.
Imediatamente, centenas de palmeirenses -situados junto à entrada principal do Pacaembu- pularam o alambrado e foram comemorar o título no campo.
Foi a primeira conquista do clube no futebol neste ano.
Um grupo palmeirense seguiu até um dos locais reservados aos são-paulinos e provocou-os.
Estes abriram um portão, entraram no setor do tobogã -setor do estádio que está em obras- e passaram a atirar sobre os palmeirenses pedras e paus que estavam sobre um monte de entulho.
Não havia ninguém para impedir que o entulho fosse usado como arsenal. Os jogadores palmeirenses Adaílton e Adriano Lima também foram atingidos.
Nesse momento, havia de 25 a 30 PMs dentro de campo, segundo o major Silvio Roberto Villar, subcomandante do 2º Batalhão de Choque da PM.
Um minuto depois do início das pedradas, outro grupo são-paulino conseguiu derrubar uma parte do alambrado que isola o campo.
Armados de paus, invadiram o campo e agrediram palmeirenses. Estes reagiram e fizeram os são-paulinos retroceder.
Em cada um desses movimentos de avanço e recuo, algumas pessoas ficavam para trás. Muitas foram agredidas, a maioria delas a pauladas e pedradas.
``Estava uma guerra. Minha mãe me proibiu de ir a estádios de novo", disse o torcedor Claudilson Ferreira, 17.
Com nove minutos de conflito, os PMs que estavam no campo receberam reforço e separaram os torcedores.
Cerca de uma hora após o conflito, quando a torcida do Corinthians esperava para entrar, foi decidido o adiamento do jogo da tarde do Brasileiro.

LEIA MAIS
sobre o conflito na pág. 3, sobre o Brasileiro nas págs. 4 a 6 e sobre a Supercopa na pág. 7

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