São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 1995
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Vaia demora mais que o combate de Mike Tyson

DA REPORTAGEM LOCAL; COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O retorno de Mike Tyson ao boxe deixou o público com a impressão de farsa. Sua vitória sobre Peter McNeeley, na noite de sábado, em Las Vegas, foi uma das mais rápidas e estranhas de sua carreira.
McNeeley foi derrubado duas vezes com menos de um minuto e meio de luta. A primeira foi aos 6s do primeiro assalto.
Na segunda queda, seu empresário, Vinny Vecchione, invadiu o ringue, para surpresa do árbitro Mills Lane, que foi forçado a encerrar o combate.
``McNeeley estava dando tudo o que podia. Não entendi por que entraram no ringue. Ele podia continuar lutando", disse Lane.
``Tyson é o novo sopro de vida do boxe, mas contra McNeeley o efeito foi inverso. A imagem do boxe ficou mais manchada do que nunca", lamentou o ex-campeão Sugar Ray Leonard, hoje relações-públicas do MGM Grand Hotel, palco da luta.
Oficialmente, McNeeley não perdeu por nocaute, mas por desclassificação, a 1min29s do primeiro assalto. O confronto estava previsto para dez ``rounds".
Parte dos 16.736 espectadores no MGM vaiou o desfecho. A vaia durou mais tempo que a luta, assim como a execução do hino nacional dos EUA.
O público xingava Don King, empresário de Tyson e organizador da``luta com maior audiência de todos os tempos" -como a definiram os organizadores, que não divulgaram o número de espectadores estimado.
Houve, porém, quem considerasse que McNeeley não podia prosseguir (veja texto ao lado).
A Comissão Atlética do Estado de Nevada decidiu não pagar a parte da bolsa que cabe a Vecchione -ou seja, US$ 179,8 mil dos US$ 700 mil pagos a McNeeley.
``Vamos assistir ao vídeo da luta", disse Marc Ratner, diretor executivo da comissão. ``Nossa primeira responsabilidade é com a saúde dos lutadores, mas a segunda é com o público."
Se receber o valor integral da sua bolsa, o perdedor terá obtido US$ 7.865,16 por segundo de luta. Tyson levou US$ 280.898,88 por segundo -sua bolsa foi de US$ 25 milhões.
Os espectadores norte-americanos tiveram que pagar US$ 50 para ver a luta pela TV a cabo -US$ 0,56 por segundo.
Tyson, que voltava ao boxe após quatro anos de ausência -dos quais três na prisão estadual de Indiana (EUA), condenado por estupro-, entrara no ringue ovacionado pelo público.
O ex-campeão chegou com o tronco coberto por uma toalha branca. Apagaram-se as luzes do ginásio e fumaça e raios laser envolveram o caminho do norte-americano até o ringue.

Briga
A controvérsia marcou outra das lutas da noite de sábado: a vitória de Miguel Ángel González (México), campeão dos leves do CMB (Conselho Mundial de Boxe), sobre Lamar Murphy (EUA).
Murphy dominou o combate, mas dois juízes deram a vitória a González e um deu empate. Uma vaia prolongada acolheu o anúncio do resultado. O próprio mexicano parecia surpreso com a vitória.
Os assistentes de Murphy partiram para a briga com os de González, mas foram contidos.
Em outra disputa de título na mesma noite, Julian Jackson (EUA) perdeu o cinturão dos pesos-médios do CMB. Foi nocauteado por Quincy Taylor (EUA) no quarto assalto.
Terry Norris (EUA) recuperou o título dos médios-ligeiros do CMB, nocauteando o dominicano Luis Santana no segundo assalto.

*Com agências internacionais

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