São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 1995
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Paes de Andrade tenta se fortalecer para disputar comando partidário

LUCIO VAZ
DENISE MADUEÑO

LUCIO VAZ; DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Paes de Andrade (CE) procura fortalecer seu nome para disputar a presidência do PMDB. Na avaliação de dirigentes do partido, ele teria hoje o dobro dos votos do senador Jáder Barbalho (PA). Os governadores articulam uma terceira candidatura.
Há resistência aos dois nomes entre as principais lideranças do PMDB. Jáder deixaria o partido na defensiva, como no período de presidência de Orestes Quércia. Há denúncias de irregularidades contra o senador na sua gestão no Ministério da Reforma Agrária.
Andrade ficou marcado como o presidente ``Mombaça", por ter viajado a sua terra natal, no exercício interino da Presidência da República, em fevereiro de 1989, usando dois Boeings da FAB (Força Aérea Brasileira), com um comitiva de 63 convidados.
Os nove governadores do partido têm reunião marcada para hoje, em Brasília, para discutir um nome alternativo. O governador de Santa Catarina, Paulo Afonso, defende essa proposta.
``É um sentimento majoritário entre os governadores a necessidade de um outro nome", diz o governador. Ele defende o nome do senador Iris Rezende (GO).
O ministro Odacir Klein, dos Transportes, descartou a própria candidatura. ``Presidir o PMDB pressupõe deixar o ministério", declarou Klein.
Segundo ele, ``só um milagre" o faria sair candidato. ``Só se os outros candidatos deixassem de concorrer e defendessem o meu nome. Essa hipótese não existe".
Paes de Andrade constrói há três meses sua vantagem sobre Jáder Barbalho (a eleição está marcada para 10 de setembro), no contato direto, pessoal ou por telefone, com os 151 membros do Diretório Nacional.
Na última quinta-feira, ele mostrou à Folha a lista dos membros do diretório e apontou, Estado por Estado, o número de votos que considera garantidos. Seriam 96 dos 151 votos. Andrade estaria forte nas regiões Sul (20 votos) e Nordeste (31 votos). Teria mais 17 votos no Centro-Oeste, 17 no Sudeste e apenas oito no Norte.
Jáder diz que os membros do diretório não vão apoiar Andrade apenas porque foram procurados primeiro. ``Seria amesquinhar, transformar companheiros em cabos eleitorais". Ele espera contar com o apoio de Orestes Quércia e dos senadores José Sarney (AP) e Ronaldo Cunha Lima (PB).

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