São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 1995
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Estudo não vê ganho na privatização do ensino

DA REPORTAGEM LOCAL

Não há evidências empíricas de que a privatização do ensino médio (o 2º grau) provoque uma melhoria qualitativa da educação. Essa constatação -feita na dissertação de Dagmar Zibas- tem especial relevância para o Brasil.
Isso porque um dos principais defensores da privatização do ensino médio é o Banco Mundial -o Bird, instituição que investe em educação com um fundo de diversos países.
Só a reforma do ensino de São Paulo vai receber R$ 200 milhões do banco até 1997.
Assim, a visão do Bird sobre os sistemas de educação acaba influindo na decisão dos governos.
Zibas analisa a reforma educacional do Chile na última década -considerada um modelo pelo Bird. Lá, o governo dá dinheiro a escolas públicas e privadas dependendo do número de alunos que elas arregimentarem.
Segundo Zibas, esse sistema tem bons resultados econômicos para o Estado. Só que estudos do próprio Bird constatam queda na aprendizagem dos alunos e aumento da diferença de conhecimento entre ricos e pobres.
No Brasil, a pesquisadora trabalhou com uma escola privada e uma pública de 2º grau. Ambas as escolas eram voltadas para ``trabalhadores" -a privada cobrava mensalidades de cerca de US$ 90.
A pesquisadora mostra que, enquanto um aluno público custa em torno de US$ 300 ao ano, um particular paga US$ 1.170 -o que triplica o salário dos professores.
Nenhuma das duas escolas tem um trabalho pedagógico coordenado. Com isso a qualidade acaba dependendo exclusivamente do professor. ``Determinação política e adequado embasamento já propiciariam momentos de recuperação do ensino público", afirma Zibas.

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