São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 1995
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FMI culpa governo do México por crise

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA; FLAVIO CASTELLOTTI
DE WASHINGTON

Os responsáveis pela crise financeira do México no fim de 94 não foram investidores estrangeiros, mas os próprios mexicanos.
Essa é a principal conclusão do primeiro estudo completo do FMI (Fundo Monetário Internacional) sobre o problema, feito pelos economistas Takatoshi Ito e David Forlkerts-Landau e divulgado ontem em Washington.
Ela contradiz argumentos usados antes pelo governo dos EUA e pelo próprio diretor-gerente do FMI, Michel Camdessus.
A crise mexicana tinha sido atribuída antes à volatilidade do mercado financeiro internacional.
Camdessus e os responsáveis pela economia nos EUA articularam pacote de ajuda de US$ 50 bilhões para o México sair da crise.
Um de seus argumentos foi de que a retirada de capitais internacionais podia se estender a outros países da América Latina e provocar crise mundial.
Segundo o relatório divulgado ontem, essa possibilidade era remota e o mercado financeiro internacional agiu com prudência.
Mais de dois terços das perdas de divisas do México em dezembro de 1994 foram provocados pela corrida contra o peso de cidadãos mexicanos.
A causa da corrida foi a incerteza sobre as mudanças econômicas que o recém-empossado presidente Ernesto Zedillo queria implantar.
O estudo mostra que só após a maxidesvalorização do peso, em 20 de dezembro, é que os capitais estrangeiros começaram a sair.
A divulgação do relatório pode trazer embaraços políticos para Camdessus e para o governo Clinton. Camdessus obteve os empréstimos para o México com base no argumento de que o problema contaminaria o mercado mundial.
O economista Alberto Diaz, do Cidac (Centro de Investigação para o Desenvolvimento da Associação Civil), considera bastante plausível a conclusão do FMI.
Para Diaz, parece lógico que os próprios mexicanos tenham ``precipitado" a crise, pois eles tinham uma percepção muito mais real da situação financeira do país.

Colaborou FLAVIO CASTELLOTTI, da Cidade do México

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