São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 1995
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FPF tenta `desuniformizar' torcidas

DA REPORTAGEM LOCAL

A Federação Paulista de Futebol (FPF) vai tentar impedir a entrada das torcidas organizadas que estejam vestindo os seus uniformes nos estádios paulistas.
A idéia é consequência da briga entre palmeirenses e são-paulinos anteontem, no Pacaembu, que deixou 102 feridos e adiou a estréia do Corinthians no Brasileiro.
Para o presidente em exercício da FPF, Rubens Aprobatto, esses uniformes estimulam nos componentes das organizadas um sentimento de violência.
A proposta de ``desuniformizar" as torcidas foi discutida ontem à tarde, na sede da FPF, com o tenente-coronel Carlos Alberto de Camargo, comandante do 2º Batalhão de Choque, e o coronel Wágner Cintra, do Comando do Policiamento de Choque.
Segundo Camargo, é preciso estudar a eficácia da proposta em dois aspectos: se a PM será capaz de colocá-la em prática e se a violência será, de fato, reduzida.
Ele admitiu fazer um teste da medida num jogo. Para isso, precisa de uma determinação da FPF.
O presidente da Mancha Verde, maior torcida do Palmeiras, Paulo Serdan, ironizou: ``Seria melhor decretar logo o estado de sítio".
Estado de sítio é a suspensão temporária das garantias constitucionais por parte dos governos de países em crise institucional.
O presidente em exercício da FPF pretende também colocar as organizadas na ilegalidade.
``Várias têm conformação paramilitar e demonstram a finalidade ilícita de promover a desordem."
Aprobatto disse esperar que o Ministério Público estadual tome uma medida judicial para impedir a existência legal das organizadas.
O Ministério Público é o órgão encarregado da defesa dos direitos do conjunto da sociedade.
Marcos Freitas, da Torcida Independente do São Paulo, disse que a proibição das organizadas tornaria mais difícil a identificação dos responsáveis pela violência.
A FPF propõe a criação de uma lei para incriminar quem pratique atos prejudiciais aos jogos, com a instauração de processo sumaríssimo (mais rápido que o normal).
Ontem, uma escavadeira retirou do Pacaembu o entulho de onde os torcedores tiraram paus e pedras no conflito de anteontem.

LEIA MAIS
Sobre a violência no futebol nas págs. 2 e 3

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