São Paulo, quarta-feira, 23 de agosto de 1995
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Solução passa por liquidação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Tesouro Nacional terá prejuízos com a intervenção no Banco Econômico, qualquer que seja a solução do problema. A constatação foi reforçada ontem, em reunião do ministro da Fazenda, Pedro Malan, com os principais banqueiros do país (leia texto à página 1-7).
A solução que está sendo negociada passa pela liquidação do Econômico. O governo pagaria todos os clientes do banco e fecharia definitivamente a instituição.
Neste caso, o Tesouro Nacional teria de assumir as dívidas do banco, que tem patrimônio líquido negativo (débitos acima dos bens) de R$ 1,5 bilhão. Auxiliado por Gustavo Loyola, presidente do Banco Central, Malan tenta agora uma fórmula que reduza os inevitáveis prejuízos da União.
A reunião de Malan e Loyola com os principais banqueiros do país (Bradesco, Itaú, Real, Unibanco, Bamerindus, Nacional, Safra e BCN) começou às 16h de ontem e terminou por volta das 22h.
Para a solução definitiva do problema em torno do Econômico, os bancos estão dispostos a dar um empréstimo de cerca de R$ 1,1 bilhão, que ajudaria o governo a pagar a totalidade dos depósitos existentes na instituição baiana.
Durante a reunião foram negociados a taxa de juros e o prazo de pagamento do empréstimo.
O governo reivindicava juros baixos e um prazo superior a cinco anos. Os bancos pareciam dispostos a aceitar as condições, desde que o Econômico fosse mesmo liquidado.
Além do dinheiro dos bancos privados, seria necessário extrair recursos de fundos do BC, liberação de depósitos compulsórios de bancos ou títulos federais.
Pela decisão anunciada ontem, o dinheiro vai sair de fundos públicos, como o Recheque -criado para financiar campanhas publicitárias sobre o uso do cheque e a importância do controle da inflação- o que caracteriza o uso de dinheiro público para favorecer uma instituição privada mal administrada.
Se a solução passar também pela emissão de títulos do BC, haverá aumento da dívida pública. E, terceira opção, se os bancos arcarem com todo o custo inicialmente, alguém terá que reembolsá-los depois -provavelmente o BC.

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