São Paulo, quarta-feira, 23 de agosto de 1995
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Ford anuncia 800 demissões em São Paulo

ARTHUR PEREIRA FILHO; CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dia após a GM demitir 1.134 trabalhadores, a Ford anunciou ontem o corte de 800 funcionários da fábrica de caminhões do Ipiranga, em São Paulo.
O total de empregados da unidade é de 2.850. A produção será reduzida em 50%. A empresa, que fabrica atualmente 280 caminhões e ônibus por dia, passa a montar apenas 140 unidades a partir de 4 de setembro, em apenas um turno.
O turno da noite, das 17h às 24h, será simplesmente eliminado. Toda a produção ficará concentrada no período das 7h às 17h.
As demissões na Ford serão feitas em três etapas. Até o final de semana, serão demitidos 260 funcionários que tinham contratos temporários de trabalho. ``Estamos apenas antecipando o encerramento de contratos que terminariam até o final do ano", explica Carlos Augusto Marino, diretor de Relações Trabalhistas da Ford.
Segundo Marino, a Ford pretende dispensar mais 290 trabalhadores até o final de setembro. Os restantes 250 empregados serão mandados embora no final de outubro.
``Temos estoque para quatro meses de venda. Poderíamos ficar sem produzir nada até o final do ano", diz Marino.
``As montadores estão criando um clima de terror, instável, no país. Onde já se viu anunciar agora demissões para outubro! Imagine como fica o pessoal da fábrica!", diz Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.
Segundo ele, as empresas se aproveitam da crise para realizar reestruturações internas.
Ele disse que a estratégia do sindicato é buscar acordo hoje no encontro do setor automotivo com a ministra da Indústria e Comércio, Dorothea Werneck. ``Vamos propor ao governo a ampliação do prazo de financiamento de caminhões e carros. Em troca, as montadoras terão de garantir estabilidade no emprego por um ano."
Caso não haja acordo, afirma Paulinho, a idéia é propor greve em assembléia amanhã.
O coordenador da comissão de fábrica da Ford do Ipiranga, Mauro Farabotti, disse que não houve acordo para contratação dos 260 temporários. ``Para nós, eles são funcionários como quaisquer outros e não podem ser demitidos."
Marino não descarta a possibilidade de rever ``parte dos cortes". Segundo ele, a montadora pretende discutir com os metalúrgicos a ``criação de alternativas".
Mas, por enquanto, a Ford não tem planos de oferecer benefícios aos trabalhadores dispensados.
Hoje 30% dos veículos produzidos pela Ford no Ipiranga são caminhões e ônibus da marca Volkswagen. Marino calcula que a partir de setembro essa proporção será invertida. ``Cerca de 70% de nossa produção será para atender pedidos da Volkswagen", diz.

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