São Paulo, quarta-feira, 23 de agosto de 1995
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Governo sob prova

Uma semana depois de o presidente Fernando Henrique Cardoso proclamar que o Tesouro não colocaria ``nem um tostão" para cobrir o prejuízo do Banco Econômico, o Banco Central cogita oferecer R$ 1,2 bilhão em empréstimos de longo prazo e recuperação duvidosa.
Na crise do Econômico o governo já sofreu razoável desgaste. Uma solução que eventualmente resultasse na cobertura do prejuízo privado com dinheiro público poderia causar séria desmoralização das metas de austeridade. Antes de empenhar recursos, urge que o BC esclareça a população sobre a solidez das garantias oferecidas.
O risco de perdas fica ainda mais grave face às restrições orçamentárias nas áreas sociais. As suspeitas de que houve desvio de recursos do Econômico para paraísos fiscais tornam mais escandalosa uma eventual socialização do prejuízo.
Assim, espera-se que o presidente efetivamente faça cumprir as diretrizes que manifesta de público. Que se busquem os responsáveis pela situação do banco, e que não saia do erário ``nem um tostão" para apaniguar interesses políticos.
Acima dos limites de saque de R$ 5 mil para conta corrente e mais R$ 5 mil para poupanças estão só cerca de 3% dos clientes. É lamentável que algumas pessoas tenham suas aplicações imobilizadas e possam perder parte delas. Mais grave seria, porém, salvar os investidores com o dinheiro da população.
A atividade privada é sujeita a riscos. Quando tudo vai bem, lucra-se. Quando vai mal, perde-se dinheiro. Essa é a regra do jogo. E não há outra melhor.

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