São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 1995
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Carla Camurati filmou fuga da família real

DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil sente a necessidade de destruir seus campos de memória", diz a atriz e diretora Carla Camurati, 34, se referindo às cidades históricas, ou qualquer testemunho arquitetônico do passado brasileiro, remoto ou recente.
Carla, diretora de ``Carlota Joaquina, Princesa do Brazil", o maior sucesso do cinema nacional dos últimos cinco anos, com um público estimado em 1 milhão de pessoas, acredita que o país carece de um ``apego à tradição".
Seu filme -que está sendo lançado agora em vídeo- mostra o período em que rainha Maria 1ª e d. João 6º, acompanhado de sua mulher Carlota, se refugiaram no Brasil, em 1808, depois do avanço das tropas napoleônicas.
Rejeitado no último Festival de Cinema de Cannes por ser ``demasiado sarcástico do ponto de vista europeu", seu filme foi realizado, em boa parte, em São Luís, no Maranhão.
O Estado retém ainda uma forte herança da arquitetura barroca: ``Hoje o país é pior construído", diz a atriz, que guarda ainda boas lembranças das cidades históricas de Minas Gerais: ``É tudo lindo".
Sobre mostrar a história em um filme, Carla Camurati diz sentir-se atraída pelo pequeno mistério que reside em fazer cinema com um fato que, se acredita, foi verdade.
``Assistir a um filme histórico é saber que aquilo é realidade, ao mesmo tempo que já não é mais verdade. É agora história".
Sobre as críticas de uma possível ``liberdade autoral" em seu filme, ou em qualquer filme histórico, Carla explica -o que poderia ser usado como uma resposta aos organizadores do festival de Cannes- que não são os filmes que tomam liberdades com a história oficial de um país.
São a própria história e as várias versões de um fato que não resistem aos filmes.

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