São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 1995
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Governo não é o responsável, diz FHC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem, por intermédio do porta-voz Sérgio Amaral, que o governo não se sente responsável pelas demissões em massa que provocaram a manifestação de ontem em São Bernardo.
FHC fez um apelo às montadoras que têm planos de investimentos para que considerem as ``repercussões sociais" das demissões. Amaral disse que o presidente ``vê com preocupação" as demissões em massa no setor.
Segundo ele, o governo ``está fazendo a sua parte" ao reduzir gradualmente as taxas de juros e os empréstimos compulsórios dos bancos, além de propor as reformas constitucionais.
Sérgio Amaral negou que as demissões sinalizem recessão.
Os líderes governistas tentaram minimizar a manifestação, reafirmando a importância do Plano Real e das reformas constitucionais para a estabilização.
Com exceção do líder do PMDB na Câmara, Michel Temer (SP), os demais consideraram a manifestação uma reação localizada, típica da região do ABC.
Para Temer, a manifestação é um sinal de que as medidas econômicas podem estar fragilizadas.
Greves, manifestações e desemprego são entendidos pelo líder como frutos de uma ``quebradeira geral" no sistema social.
Na opinião do líder do governo no Congresso, deputado Germano Rigotto (PMDB-RS), o único motivo da manifestação dos trabalhadores ``deve ter sido as demissões" nas montadoras, situação que, segundo ele, deve ser rapidamente revertida.
O líder do PFL na Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PE), disse acreditar que mesmo com altos custos sociais é preciso resguardar o plano econômico.
``O maior imposto que se paga é a inflação. Para combatê-la, vale a pena passar por custos sociais, não grandes, mas os normais."
Acreditando ter sido o movimento dos trabalhadores uma ``consequência normal" do processo de ajustes pelo qual passa o país, o líder do PSDB, José Aníbal (SP), previu mais manifestações populares.
``Todas legítimas, mas inofensivas para a reputação do Plano Real", disse.
O deputado José Genoino (PT-SP) classificou a manifestação como ``uma explosão diante do risco social".
Ele disse que essa foi um sinal muito relevante de que o governo não tem um plano para a população.

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