São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 1995
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Ministro proíbe queima do arquivo de GO

RUI NOGUEIRA; EMANUEL NERI

RUI NOGUEIRA
Coordenador de Produção da Sucursal de Brasília
O ministro do Exército, Zenildo de Lucena, proibiu o general Luciano Phaelante Casales, chefe do CMP (Comando Militar do Planalto), de queimar os documentos sobre a guerrilha do Araguaia (GO), ocorrida na década de 70. Por ordem do ministro, os arquivos foram entregues ontem ao governo de Goiás.
Os documentos do extinto Dops (Departamento de Ordem Política e Social) de Goiás estavam desde 1982, ano em que o PMDB venceu a eleição para o governo do Estado, com a 3ª Brigada de Infantaria Motorizada.
Era o único arquivo do Dops ainda em poder do Exército -nos demais Estados os documentos foram repassados aos governos locais.
O general Casales ameaçou queimar os arquivos depois que o grupo Tortura Nunca Mais pediu autorização para pesquisar os documentos.
Anteontem, em telefonema para o general, o ministro disse que ele não poderia usar o Regulamento de Salvaguarda de Assuntos Sigilosos no caso do arquivo do Dops.
Por esse regulamento, os chefes dos comandos militares podem mandar queimar os documentos que, arquivados durante cinco anos, não sejam mais considerados úteis para a administração das Forças Armadas.
Os arquivos do Dops, com as fichas sobre as operações para combater a guerrilha do Araguaia, são considerados históricos -são as provas de um período político, social e militar do Brasil e não apenas da ação do Exército.
Em nove grandes caixas, os documentos chegaram às 17h de ontem à Secretaria de Segurança de Goiás. A grande maioria das caixas vem com a classificação de ``sigiloso" e ``confidencial".
Por causa disso, o secretário de Segurança de Goiás, Antônio Lourenzo Filho, que é coronel do Exército, acredita que os documentos só podem ser liberados com ordem judicial. ``Eu sou um soldado. A ordem que vier eu cumpro", afirmou.
Mas o secretário de Comunicação de Goiás, Gean de Carvalho, informou que o governador Maguito Vilela (PMDB) deverá autorizar a liberação dos documentos.
Um projeto já aprovado pela Assembléia local quer que o arquivo seja guardado na Universidade Federal de Goiás.
O secretário fez questão de lacrar as caixas e indicou uma escolta policial para vigiar o local em que os arquivos estão guardados.

Colaborou EMANUEL NERI, da Reportagem Local

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