São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 1995
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Fim do sonho

WILSON BALDINI JR.

O sonho de todo o pai é ver o filho dar certo na vida. Ser um bom aluno na escola, entrar em uma faculdade e tornar-se um profissional competente e vitorioso.
É evidente que, para atingir um estágio elevado, obstáculos precisam ser ultrapassados. E aqueles privilegiados e que possuem pessoas ao seu redor conseguem superá-los com mais facilidade.
Mas as pessoas, muitas vezes, acabam superestimando o ente querido e fazem tudo para o que o ``garotão" não passe dificuldades.
Foi mais ou menos o que aconteceu no sábado passado, em Las Vegas. Peter ``Cara de Bebê" McNeeley não é um profissional do boxe. Trata-se de um garoto que sempre foi forte (gordo) desde a infância e que se tornou um orgulho diante dos olhos da família de imigrantes irlandeses.
Eles nunca haviam visto de perto um golpe de um ``peso-pesado de verdade". Em 87, Pelé assistiu ao combate entre Mike Tyson, então campeão, e Tyrell Biggs e descreveu o que parece a troca de socos: ``É como bater com uma marreta em um boi".
Pelé não foi e não será o primeiro a se assustar com esses verdadeiros super-homens. Vinny Vecchionne, técnico do bebezão, sentiu a mesma coisa. Ficou desesperado ao ouvir o estalo que veio do crânio de McNeeley, após o uppercut (golpe que acerta o queixo de baixo para cima) de Tyson, que derrubou seu pupilo pela segunda vez. E olha que foi um ``uppercutizinho", hein?
Mas coloque-se no lugar dos familiares e do treinador de ``Bebê McNeeley". Você não faria a mesma coisa? E ainda com US$ 800 mil no banco! Desinformado (para não chamar de burro) foi o público, que depois passou a exigir o dinheiro do ingresso de volta.
Todos os jornalistas especializados que estiveram em Las Vegas apostavam que McNeeley não passaria do primeiro minuto. Até que ele foi longe. No ingresso não há nenhuma garantia de que a luta irá ter quatro ou cinco roundes. E as lutas preliminares foram boas.
Agora Don King prepara Buster Matthis Jr., para o dia 4 de novembro. Seu pai disputou o título norte-americano, em 68, diante de Joe Frazier e foi nocauteado no 11º round. Júnior é valente e pega forte com a direita.
Seu problema é o preparo físico. Apesar de jovem, sua enorme barriga ganha da do Maguila. Mas ele tem três meses para se preparar. Não vai correr de Tyson como McNeeley. Mas, com certeza, cai até o segundo round. No máximo.

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