São Paulo, domingo, 27 de agosto de 1995 |
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CINEMA COM ARTE
ALCINO LEITE NETO
Este movimento, à parte os rótulos (``underground" brasileiro, ``udigrudi", cinema marginal), significou o ápice no Brasil de todo investimento cultural, social, emocional e de transgressão depositado por aquela época no cinema. Hoje, ele representa um momento-chave da exploração feita pelo cinema de seus próprios limites. Desde aqueles anos, Sganzerla e Bressane mantiveram-se refratários a qualquer forma de cooptação proposta pelo cinema standard. Seguiram, mesmo afastados um do outro, na elaboração de suas obras intransigentes e singulares, que estão entre as principais da história do filme brasileiro. O desacordo com a idéia vigente de cinema acabou por uni-los num mesmo projeto de oposição, cada um em seu terreno. Seus últimos filmes são verdadeiras pesquisas de caráter ``arqueológico" (e genealógico) da cultura brasileira e suas trocas simbólicas com a cultura universal. São com estes trabalhos que eles hoje desafiam os bem-pensantes, aqueles para os quais o Brasil tornou-se anedótico ou supérfluo. Sganzerla, 49, e Bressane, 49, já não cabem na imagem de furiosos transgressores, de ``cults" de cineclubes. No centro da maturidade, hoje são homens da cultura, militam contra a barbárie e a amnésia, contra o cinema descerebrado. É deste lugar que eles falam, nesta conversa de dois, informal e aberta, que o Mais! acompanhou no apartamento de Sganzerla, na Gávea, zona sul do Rio. Sganzerla finaliza seu novo filme, ``Tudo é Brasil". Bressane acabou de filmar ``O Mandarim", inspirado na vida do cantor Mário Reis, e prepara-se para fazer ``Cleópatra", sobre a trama de signos e sentidos que a rainha egípcia desencadeou na história. Texto Anterior: Um mestre da indignação Próximo Texto: CINEMA COM ARTE Índice |
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