São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 1995
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Programa no México é criticado

FLAVIO CASTELLOTTI
DA CIDADE DO MÉXICO

Para a Prefeitura da Cidade do México, o programa ``Hoje não circula", que tira das ruas, todo dia, 20% da frota de veículos da cidade, deu excelentes resultados.
``Conseguimos reverter a curva ascendente de praticamente todos os poluentes que afetam a cidade", disse à Folha José Luis Pedroza, diretor da Rede de Controle Atmosférico da capital mexicana.
Já organizações não-governamentais de meio ambiente, contestam a eficácia do programa.
``A venda de carros cresceu abruptamente e os índices de quase todos os poluentes aumentaram", afirmou Alejandro Calvillo, coordenador do Departamento de Energia do Greenpeace.
Segundo dados da Secretaria do Meio Ambiente, de 89 (ano em que foi implementado o programa) até hoje, a quantidade de chumbo na atmosfera caiu 90%, o enxofre reduziu-se em 60% e o monóxido de carbono, em 49%.
O diretor de projetos da secretaria, Sérgio Sanchéz, diz que é um erro atribuir os resultados somente ao ``Hoje não circula".
Junto com o programa, o governo adotou uma série de medidas, principalmente quanto aos combustíveis usados pelos veículos mexicanos, que contribuíram muito para a diminuição da poluição, disse Sanchéz.
``É impossível avaliar isoladamente o impacto do rodízio, que, sem dúvida, foi positivo", disse.
Calvillo, do Greenpeace, afirma que as cifras oficiais são manipuladas. ``Possuímos nossa própria estação medidora e encontramos números completamente diferentes", disse ele.
``Inúmeras famílias compraram outro carro para driblar a medida, o que causou um aumento de 60% da frota veículos de 89 até hoje", disse. Hoje a frota é de 4 milhões. Em 89, era de 2,5 milhões.
``Meu trabalho está a quase 60 km de casa. Para mim é inconcebível a idéia de acordar duas horas antes do usual e pegar três ônibus para chegar ao hospital", disse.
Nos dias em que o ``carro-reserva" não é usado nem por ele nem pelo irmão, é o sobrinho quem o utiliza, o que corrobora a tese de Calvillo: um carro a mais que não existiria, não fosse o programa.
Calvillo seria a favor do programa, caso ele tivesse sido implementado apenas nos três meses de inverno, conforme a idéia inicial.
Na sua opinião, houve um ``lobby" da indústria automobilística junto ao governo para implementá-lo nos doze meses do ano.

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