São Paulo, terça-feira, 29 de agosto de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Novelas

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Também o regionalismo, que é crônico e agora crescente no Brasil, surgiu na televisão em forma de novela, aquela com que o SBT assustou a Globo. A novela apresentou a Revolução de 32 em cenas de guerra.
Cercada, a Globo faz a sua mininovela sobre a revolução dos paulistas, vai estrear outra mininovela sobre a religião e carregou as novelas regulares de homossexuais e negros.
Mas a Globo, por vícios de origem, não tem como abordar livremente os conflitos.
Daí o esmaecimento, até o embranquecimento da cultura negra. Daí os homossexuais, contidos, bons meninos.
Daí o regionalismo passar por momentos de negação, ou também de esmaecimento.
Por exemplo, no Vídeo Show, que alavanca novelas e que ontem abordou longamente o conflito Rio-São Paulo, com frases como ``São Paulo e Rio se completam" e "a peleja sempre foi equilibrada".
O conflito, que existe, que vaza dos próprios telejornais, não pode ser aberto.
Não quanto ao regionalismo, ao racismo, à sexualidade. Mas sim, quanto à religião.
As chamadas da mininovela sobre os pentecostais são prova de que o conflito, por vezes, pode ser aberto, sim.
É assim no Fantástico, que junta telejornal com telenovela, e que anda buscando inspiração na Arquidiocese do Rio.
Aliás, já começou a reação, na Record, que se questionava, em programa religioso:
- Por que tantas acusações contra os pastores da Igreja Universal do Reino de Deus?
Está aí, o conflito.
Pelas almas e pela audiência.
Na semana passada
Uma manchete de ontem, na televisão, foi que "a indústria de São Paulo demitiu dez mil na semana passada".
Lillian Witte Fibe, porém, lembrou, ``uma pesquisa feita semana passada na Argentina prova: o ministro que consegue derrubar a inflação continua sendo amado pela população, a despeito de recessão profunda ou desemprego recorde".
Então, nenhum problema.

Texto Anterior: Governo muda destino de verba do Sivam
Próximo Texto: Forças Armadas realizam manobras na Amazônia
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.