São Paulo, terça-feira, 29 de agosto de 1995
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Estado deve se unir a setor privado

DA REPORTAGEM LOCAL

A melhoria do ensino médio (2º grau) é uma tarefa tão imensa que o Estado precisa fazer todas as parcerias possíveis, inclusive com o setor privado.
A opinião é da coordenadora de programas de investimento do Banco Mundial no ensino médio da Argentina e do Paraguai, Guiomar de Mello, 52, que falou à Folha de Washington DC, EUA.
Na semana passada, o assunto de como melhorar o ensino médio foi abordado na seção Tese da Semana. Nela, a pesquisadora da Fundação Carlos Chagas Dagmar Zibas afirma não haver evidências de que a privatização do ensino médio melhore a educação.
Em sua dissertação de doutoramento na USP, ``A Escola Pública e a Escola Privada diante das Propostas de Modernização do Ensino Médio", Zibas afirma que as escolas privadas tendem a orientar seu trabalho para alunos mais ricos.
Segundo ela, isso seria prejudicial a alunos mais pobres, que precisam de um ensino específico para superar suas carências culturais.
Para Zibas, a privatização do setor manteria diferenças sociais. Já um maior investimento do Estado em suas próprias escolas garantiria a melhoria do ensino.
Mas para Guiomar de Mello, que já foi secretária municipal da Educação de São Paulo, ``existem outras associações que poderiam dividir com o Estado a responsabilidade do ensino médio".
``O ensino continuaria gratuito, mas não precisa ser estatal", diz. Com esse tipo de parceria -onde o governo poderia repassar dinheiro a instituições privadas-, ``o Estado, em vez de dirigir, pode desempenhar um papel mais estratégico, monitorar a qualidade".
``Faz parte da revisão do papel do Estado na educação", diz.
A orientadora da tese de Zibas, professora de sociologia política na Faculdade de Educação da USP, Maria Victória Benevides, 53, defende, como Guiomar de Mello, a gratuidade do ensino.
Para ela, o problema da melhoria da educação não é a participação ou não do setor privado, mas a ausência de uma política bem definida do atual governo para a área.
Marilia Sposito, também professora da Faculdade de Educação da USP e membro da banca que examinou a tese de Zibas, afirma que o número de alunos no 2º grau público, cerca de 1,4 milhão, impossibilita a absorção do sistema pelo setor privado. Como Benevides, ela defende a necessidade de ``uma análise mais profunda das orientações do Estado na área".

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