São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 1995
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Interesses e interesses

Em menos de um mês vieram à tona três casos de conflito de interesses entre o público e o privado nos quadros de funcionários do governo. Pode até ser que todos os três acusados sejam de fato inocentes e não tenham cometido nenhuma irregularidade.
O fato é que a promiscuidade entre o público e o privado é um problema atinente ao mundo inteiro, e nenhum país foi capaz ainda de dar uma solução realmente satisfatória para a questão.
De um lado, o governo precisa ter em seus quadros pessoas oriundas da atividade privada, conhecedoras de fatos e realidades que, muitas vezes, o burocrata de carreira ignora por completo. De outro lado, porém, é humanamente impossível exigir que qualquer técnico da iniciativa privada convidado para trabalhar para o governo abandone por completo todos os seus vínculos profissionais e familiares para permanecer num cargo provisório e mal remunerado.
Esse raciocínio, obviamente, não pode servir de justificativa para aqueles que prevaricaram às suas obrigações como funcionários do Estado. As suspeitas devem ser investigadas e, se confirmadas, a punição deve ser exemplar.
Uma vez que um Estado moderno tem de poder contar com a colaboração de pessoas vindas da iniciativa privada para não se tornar refém de uma máquina burocrática lenta e muitas vezes ignorante de determinadas realidades, é preciso que as contratações do setor privado se dêem numa relação de total e completa transparência.

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