São Paulo, sexta-feira, 1 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Força Sindical reúne 10 mil em Osasco

JOAQUIM FERREIRA; LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Força Sindical reuniu ontem cerca de 10 mil pessoas em Osasco (Grande São Paulo), segundo estimativa da Polícia Militar, para protestar contra a política econômica do governo federal.
A maioria das indústrias da cidade dispensou os trabalhadores para participarem da manifestação.
Sindicalistas, empresários e representantes de associações empresariais subiram ao palanque para criticar os juros altos e para pedir maior velocidade nas reformas constitucionais.
Luiz Antônio de Medeiros, presidente da Força Sindical, disse em seu discurso que pode convocar uma greve geral em São Paulo, em um dia de protesto contra a política econômica.
Isso seria feito caso o governo não se sensibilize com os protestos que vêm ocorrendo.
Os representantes do empresariado bateram na tecla de que é preciso afrouxar ainda mais as restrições ao consumo.
O principal alvo foi a necessidade de se reduzir os empréstimos compulsórios que os bancos recolhem junto ao BC para que haja mais dinheiro disponível.
Já os sindicalistas preferiram cobrar maior agilidade na implementação das reformas da Constituição, especialmente a da Previdência Social e a tributária.
Um ponto esteve presente em todos os discursos: é necessária uma forte redução dos juros para que a economia volte a crescer e parem as demissões.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, Sérgio Magalhães, disse que foi ao protesto para pressionar o governo a dar prioridade à geração de empregos.
Magalhães afirmou que o aumento da importação de máquinas -resultante da defasagem cambial- vai consumir cerca de US$ 7 bilhões ao longo do ano. Com esse dinheiro, disse, seria possível criar 112 mil postos de trabalho.
Paulo Butori, presidente do Sindipeças, entidade que reúne as indústrias de autopeças do país, defendeu a criação de uma taxa de juros diferenciada para a indústria, que não a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo).
"É preciso criar uma taxa compatível com os padrões internacionais, que sirva para estimular a produção", disse o empresário.
Joseph Couri, presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria (Simpi), que também foi à manifestação, afirmou que 5.000 trabalhadores foram demitidos das micro e pequenas indústrias em julho. Em agosto, esse número deve ser maior, disse.
Medeiros disse ainda que o governo deve priorizar a redução dos custos de produção na reforma constitucional.
Élvio Aliprandi, presidente da Associação Comercial de São Paulo, defendeu a "eliminação das siglas de todas as entidades" para pressionar o governo a fazer as reformas na Constituição.

Texto Anterior: Economista assume secretaria de preços
Próximo Texto: Trabalhador ligado à CUT vai ao protesto
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.