São Paulo, sexta-feira, 1 de setembro de 1995
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S.O.S. IPT

JOÃO PAULO CUNHA

O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), maior instituição de pesquisas tecnológicas da América Latina, vive hoje uma grave crise. Essa crise tende a aprofundar-se caso o governador reduza ainda mais, como objetiva, o repasse mensal de recursos para o funcionamento do instituto.
Empresa do governo do Estado de São Paulo, o IPT tem como missão estatutária o atendimento da demanda dos setores público e privado na área da ciência e tecnologia.
Os números comprovam que, desde 1934, quando foi criado, o IPT tem cumprido suas tarefas estratégicas. Além de dar apoio tecnológico ao setor produtivo e aprimorar o acervo na área, o IPT transformou-se em um poderoso instrumento de políticas públicas, especialmente nas áreas da defesa civil, defesa do consumidor, Ministério Público, defesa do meio ambiente, transportes, saneamento, energia e habitação.
Ao setor industrial o IPT presta apoio tecnológico, por meio do atendimento laboratorial, executando cerca de 3.000 tipos de ensaios e análises. Seu acervo dispõe de 1 milhão de normas técnicas (vigentes e históricas), 120.000 catálogos de produtos industriais e 900.000 documentos técnicos gerados desde sua fundação.
Para as prefeituras, atende em média 50 pedidos por ano, por meio de projetos, sobretudo nas áreas de infra-estrutura urbana e rural e de habitação.
Tudo isso com uma permanente redução de seu quadro de pessoal e dos recursos que recebe do Estado. Basta ver que, se em 1982 contava com quase 3.500 trabalhadores, hoje o IPT tem cerca de 1.800 funcionários.
Quanto aos recursos orçados para investimento no instituto, se para 1991 correspondiam a US$ 20,7 milhões, em 94 esse número cai para US$ 1 milhão. Tamanha desconsideração com a ciência e tecnologia atinge os funcionários do IPT que, segundo o Dieese, acumulam uma defasagem salarial de 115%, de fevereiro de 94 até hoje.
Atualmente, a verba necessária para o custeio básico do IPT gira em torno de R$ 4 milhões por mês. Para os meses de agosto e setembro o governo estadual decidiu reduzir o repasse para pouco mais de R$ 3 milhões, indicando que a partir de outubro essa verba será reduzida a R$ 2,7 milhões. Concretizada tal perspectiva, o instituto deverá viver uma situação caótica.
Mas os funcionários prepararam um plano de revitalização do IPT e estão dispostos a abrir mão dos 7% de produtividade, conquistados no último acordo coletivo, em troca das demissões, que podem passar de trezentas, e da garantia de participar das discussões do futuro do instituto.
Quanto ao governo, o que se espera é que não jogue a última pá de cal sobre o IPT.

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