São Paulo, sexta-feira, 1 de setembro de 1995
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Homens fazem bagunça na casa do tubarão

VANESSA DE SÁ
FREE-LANCE PARA A FOLHINHA

O homem entrou na casa do tubarão e mexeu em tudo. Até na comida dele. Todo atrapalhado, o tubarão não sabia mais para onde ir.
Descobriu navios que jogavam comidas de graça: de cebola a lata de refrigerante. Resolveu comer.
O tubarão descobriu também que, perto da praia, havia uns peixões. Mas eles tinham gosto de gente, eram surfistas. Mordeu mas não gostou.
Essa não é uma história de livro. É uma história real que está acontecendo, em Recife, capital de Pernambuco, e que deu à cidade um recorde mundial e um histórico.
Recife é hoje a cidade do mundo onde há mais ataques de tubarões.
Foram 18 ataques nos últimos dois anos e meio. Isso dá cerca de sete ataques por ano.
Antes de Recife, só a Somália, na África, tinha o recorde histórico de 30 ataques, três por ano, em um período de em dez anos.
No domingo passado, um surfista foi atacado por um tubarão em Recife. Só neste ano, aconteceram três ataques a surfistas. Um deles morreu porque os amigos, com medo, não ajudaram.
Cientistas da Universidade Federal de Pernambuco dizem que uma parte da culpa pode ser do porto de Suape. Depois que ele foi construído, há três anos, os tubarões começaram a atacar com frequência (veja na página 7).
O cientista Fábio Hazin, 31, diz que isso pode estar acontecendo porque a construção do porto teria causado uma grande bagunça na casa do tubarão, que é o alto-mar. Essa bagunça é chamada de desequilíbrio ecológico.

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