São Paulo, sexta-feira, 1 de setembro de 1995
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'Glenn Gould' usa uma nota só

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Existe em "Trinta e Dois Curtas" para Glenn Gould (CNT/Gazeta, 23h) uma das melhores idéias de estruturar um filme dos últimos tempos. Parte de uma pergunta: por que, em vez de narrar linearmente a vida do pianista canadense Glenn Miller, não escolher trinta e dois fragmentos capazes de dar uma idéia de quem foram ele e sua arte?
Esse primeiro passo supõe, no entanto, um repertório visual amplíssimo. Trinta e dois momentos diferentes são, de certo modo, algo mais difícil de compor do que uma só história.
Cada "curta" designa um universo, fecha-se em si mesmo, encerra um aspecto das coisas. Como François Girard não cria uma variação de gêneros e relações com a imagem, seu filma termina sendo mais ou menos o oposto de uma sessão de curtas-metragens.
Qual o problema maior de ver curtas? De dez em dez minutos somos remetidos a outro universo, outro estilo, outras preocupações. É praticamente impossível acompanhá-las seriamente.
Em "Glenn Gould", ao contrário, o espectador é sempre remetido ao mesmo: a formidável estrutura verga-se à monotonia que se impõe ao longo da projeção.
Ainda assim, a idéia de base se sustenta. É dessas que pedem um aperfeiçoamento, uma segunda chance. É ela, no fim, que anima a visão do filme, além, claro, do personagem e de sua música.
(IA)

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