São Paulo, sexta-feira, 1 de setembro de 1995
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Clausura; Missão cumprida; Resgate da indignação; Vida ou morte de Deus; Noção contraditória; Risco zero; Lotação; Venda do Biológico

Clausura
"Assino embaixo do editorial publicado em 30/8 sob o título 'Bola fora de Pelé'. Quero esclarecer, no entanto, e antes que isso vire outra frase mal-interpretada a mim atribuída no passado, que desta vez, de fato, não me expressei de maneira feliz. Quis dizer que aquelas crianças para as quais pedi atenção em 1969, quando marquei meu milésimo gol, hoje estão em situação de delinquência, como era previsível. É isso que me faz agora, lamentavelmente, solicitar que sejam punidas e até presas. Em nenhum momento tive a intenção de pedir prisão aos menores de 18 anos. Contudo, em conversa que tive ontem com o ministro Nelson Jobim analisamos a possibilidade de, no caso dos menores envolvidos nesse tipo de violência, impedir que eles saiam de suas casas à noite e nos finais de semana durante um certo período, ficando seus pais responsáveis pelo cumprimento do 'castigo'. Por último, quase aos 55 anos de idade, é normal que considere 'meninos' os que têm menos de 30."
Edson Arantes do Nascimento, ministro extraordinário dos Esportes (Brasília, DF)

Missão cumprida
"Na carta que encaminhei a este jornal em 16/6 sobre o benefício do sr. Luiz Galli, em resposta ao artigo de Clóvis Rossi 'O segurado 663681-0/43', informei sobre as dificuldades para resolver a questão e comuniquei minha determinação dada ao INSS para encontrar uma solução. Surpreendi-me com o editorial 'De acusador a acusado', de 20/6, e com a carta do sr. Galli, de 23/6. O sr. Luiz Galli é servidor estatutário, agente administrativo, seu benefício deveria estar no Ministério dos Transportes e não no INSS. É o que a lei manda. Nesta data informo que a situação do sr. Galli foi resolvida, creditando-se o complemento positivo de R$ 4.883,76 na competência 8/95, tendo seu benefício sido reajustado para R$ 1.056,01 depois que a Procuradoria Estadual do INSS, as diretorias de recursos humanos e do seguro social do INSS obtiveram a documentação do Ministério dos Transportes e da Justiça Federal. Não defendo a 'burocracia estapafúrdia' nem compactuo com o atraso e o desrespeito às pessoas. Cumpro a lei que assegurou fazer justiça ao sr. Galli e cumprimento Clóvis Rossi e a Folha por possibilitar a melhoria da qualidade de atendimento na Previdência Social."
Reinhold Stephanes, ministro de Estado da Previdência e Assistência Social (Brasília, DF)

Resgate da indignação
"Como brasileiro e ser humano que ama este país não poderia deixar de registrar minha revolta, tristeza e indignação: trabalhadores rurais são assassinados covardemente em Rondônia apenas por desejarem um pedaço de terra para plantar. Um homem de 22 anos ficará preso por um ano e meio por ter furtado três pássaros e tê-los trocado por linguiça e queijo. O xerife dos preços é investigado pela própria Receita Federal. Será que este é mesmo aquele Brasil que levou um presidente da República ao impeachment e cassou parlamentares corruptos que se utilizavam de seus poderes para tirar proveito do Orçamento da União, que puniu PC por seus erros e dos seus amigos? A imprensa está fazendo a sua parte, mas, e nós, estamos fazendo a nossa?"
Isaias Ribeiro (Manaus, AM)

"Cassa-se um presidente da República e seus direitos políticos sob a acusação de ter gasto US$ 2 milhões na reforma de sua casa com recursos de origem duvidosa. Prende-se PC Farias sob a acusação de tráfico de influência e sonegação fiscal; enquanto isso o sr. Calmon de Sá dá um golpe de US$ 3 bilhões no Banco Econômico e os senhores Quércia e Fleury deixam um rombo de US$ 12 bilhões no Banespa, e nem por isso foram presos ou tiveram seus direitos políticos cassados. Alguém faça alguma coisa, pelo amor de Deus."
Roberto A. S. Cavalcante (Goioerê, PR)

Vida ou morte de Deus
"Escrevo para saudar esta Folha a propósito do excelente artigo de Gerardo Mello Mourão ('O Deus vivo e o Deus morto') de 30/8. Até que em boa hora surge a palavra de quem conhece. Tomara que venham outros em defesa da fé. Quanto ao ex-frade, que coisa, perverter a consciência..."
Luiz U. Fernandes (Campinas, SP)

"O sr. Gerardo Mello Mourão mais confundiu do que esclareceu. Afinal não explicou o que entende por 'Deus dos mortos' e 'Deus morto', 'Deus dos vivos' e 'Deus vivo'. Apesar da idade, ainda restam longos anos ao escritor para compreender que a preocupação com o salário mínimo ou reforma agrária não torna um Deus menos vivo. E se essas não são tarefas adequadas a um Deus, precisamos ouvir dos homens responsáveis pela sociedade, que impõem um salário mínimo de morte aos seus trabalhadores, qual a fé que eles professam, a serviço de qual Deus eles estão; bem como precisamos de uma resposta das pessoas que acham tal questionamento ateu."
Luiz Antonio de Souza (Fortaleza, CE)

"Gerardo Mello Mourão está vendo os fantasmas de sua própria formação dogmática na crítica que faz a Leonardo Boff (30/8). Eu li a mesma reportagem que tanto o irritou e senti nela o reverso que ele -um Deus muito vivo. Curioso é que Mourão cita 22 nomes de teólogos, filósofos e poetas do passado para se escudar, esquecendo que nenhum deles deixou de ser apedrejado verbalmente por sua visão renovadora. Curioso, também, ele não mencionar nenhum brasileiro em sua relação. No reconhecimento de algumas das maiores universidades mundiais dadas a Boff não se repara esse estrabismo?"
William Richard Schisler Filho (Florianópolis, SC)

Noção contraditória
"O presidente da CNBB, d. Lucas Moreira Neves, expressa a preocupação de grande parcela da sociedade ao afirmar que é necessário atentar para as urgências sociais. Contraditória é a noção de que o 'Grito dos excluídos' não deverá contar com o apoio da Igreja por se tratar de um ato político. Desde quando a Igreja não interferiu na política do país?"
Toni Reis, secretário-geral da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis (Curitiba, PR)

Risco zero
"Diante de tantas denúncias sobre a participação de membros do governo em empresas privadas, em conflito de interesses, tenho uma sugestão: nas próximas eleições votarmos maciçamente no pessoal do PT. Não mais correremos o risco, já que esse pessoal não é ligado no trabalho (pergunte a um petista o que é uma duplicata, o que é gerar um emprego etc.)."
Márcio Cruz (São Paulo, SP)

Lotação
"A imprensa alardeia que foi um fim-de-semana de paz nos estádios. Paz? Só se foi para quem vai nos carrões de suas redações ou de suas emissoras de rádio e TV, pois quem precisou tomar ônibus passou o diabo! Afinal, sem a Independente e outras organizadas são-paulinas no estádio, todos os integrantes de organizadas foram de CMTC para ver o jogo. A vida do usuário virou um inferno!"
Fernando Souza Filho (São Paulo, SP)

Venda do Biológico
"O governador Mário Covas acaba de anunciar a venda do imóvel onde está instalado o Instituto Biológico para cobrir parte da dívida do Banespa. Obviamente o sr. governador enxerga o Instituto Biológico apenas como um imóvel a mais, desprovido de qualquer significância pública. No entanto, para os usuários do sistema agropecuário paulista, essa instituição com 70 anos de pesquisa científica representa muito mais do que uma área a ser penhorada. Quando um governador de Estado torna-se um corretor de imóveis, para quem interessa apenas o negócio, fica claro que a classe política não tem mais nada a oferecer para a sociedade."
Luiz Carlos Luchini, pesquisador científico do Instituto Biológico, seguem-se mais 60 assinaturas (São Paulo, SP)

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