São Paulo, sábado, 2 de setembro de 1995
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Campinas vive dia de deserto no inverno

DA FOLHA SUDESTE; DA FOLHA NORTE

A Prefeitura de Campinas (99 km a noroeste de SP) suspendeu ontem as aulas de educação física dos cerca de 20 mil alunos das 36 escolas municipais em função da baixa umidade relativa do ar registrada na cidade desde segunda.
É o primeiro município da região a adotar a medida. A média da umidade na cidade até ontem foi 17,6%. Normalmente, a média varia entre 50% e 60%.
Ontem, o Cepagri (Centro de Pesquisa em Agricultura) registrou 13% de umidade na medição feita às 15h na Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp. É a mais baixa desde 7 de setembro de 94, quando se registrou a mesma taxa.
Índice abaixo dos 20% é considerado crítico pela Organização Mundial da Saúde. O ideal é 50%.
"Esse índice baixo com temperaturas altas é característico de clima de deserto, como no Saara", afirmou o diretor do Cepagri, Hilton Silveira Pinto, 51.
Segundo ele, a umidade do ar no Saara é de 5%. No país, a cidade que apresenta menor índice é Brasília, que varia de 12% a 15%.
A baixa umidade se caracteriza pela diminuição de vapor de água na atmosfera. A estiagem no município completa hoje 54 dias.
Anteontem, o Cepagri registrou a temperatura mais alta do ano, de 34º C, que empata com as de 24 a 27 de fevereiro deste ano.
Com a seca que já dura até 75 dias em cidades da região de São José do Rio Preto (451 km a noroeste de SP), o pecuarista Nelson Bimbato, 60, já perdeu dois açudes que usava para a criação de 130 cabeças de gado leiteiro.
Bimbato diz que há "pelo menos quatro meses" não chove em sua propriedade, em Mesópolis, na região de Jales (580 km a noroeste de SP). A falta de água fez Bimbato transferir o rebanho para uma propriedade onde há riacho.

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