São Paulo, sábado, 2 de setembro de 1995
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Russos acham homem de 3.500 anos no gelo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Arqueólogos russos divulgaram ontem a descoberta do corpo de um guerreiro do povo cita -nômades que habitavam o norte da Ásia e da Europa na Antiguidade-, conservado num bloco de gelo por 3.500 anos.
Ele foi batizado "homem de Altai", por ter sido achado nas montanhas de Altai, centro-sul da Sibéria (Rússia), na região do Platô Ukok, fronteira com a Mongólia.
A múmia é cerca de 1.800 anos mais nova que o homem do gelo encontrado em 1991 nos Alpes entre a Itália e a Áustria.
O homem de Altai foi encontrado no mês passado. O achado foi comunicado ao Centro de Estudos para Estruturas Biológicas, que o divulgou ontem.
Os pesquisadores acreditam que o homem foi um rei ou líder popular, pois foi enterrado com utensílios pessoais, obras de arte, capas de pele e até mesmo um cavalo.
Segundo os arqueólogos, o estado de conservação do corpo é tão bom, que se podem estudar a olho nu os detalhes de uma tatuagem no peito do cadáver.
A tatuagem representa um alce, desenhado com grande riqueza de detalhes.
O homem pode trazer informações valiosas sobre os citas, civilização nômade que floresceu por volta de 2.000 a.C., sobre a qual cientistas e historiadores sabem muito pouco.
Os arqueólogos afirmam que serão necessários novos estudos sobre o período na região, porque informações trazidas pelo homem de Altai já entram em conflito com idéias vigentes sobre os citas.
Entre essas divergências está o aspecto do rosto da múmia -nitidamente europeu-. Imaginava-se que os citas eram um povo com traços próximos dos mongóis.
O bloco de gelo com o corpo do guerreiro foi encontrado dentro de uma construção de madeira que fazia parte de uma necrópole (espécie de cemitério), rodeado por outros objetos, também de madeira. O local onde estava é coberto pelo gelo na maior parte do ano, com uma vegetação rasteira que resiste apenas durante o breve período de degelo.
Por isso, os cientistas já se questionam sobre a origem da madeira de cedro usada nessas construções pelos citas.
O guerreiro congelado foi levado imediatamente para Moscou (Rússia), onde será submetido a estudos mais detalhados.
O Centro de Estudos para Estruturas Biológicas, que cuidará do corpo, foi criado para conservar a múmia do líder soviético Vladimir Lênin (1870-1924).
O homem de Altai é 1.800 anos mais novo que outra a múmia natural encontrada no gelo, em 1991.
O homem de 5.300 anos achado nos Alpes entre a Áustria e a Suíça também estava em bom estado de conservação.
Ao contrário do homem de Altai -que foi intencionalmente sepultado-, a múmia dos Alpes aparentemente foi coberta pelo gelo depois de sofrer um acidente.
Ela apresentava vários ferimentos agravados pelo frio no corpo e algumas costelas quebradas.

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