São Paulo, domingo, 3 de setembro de 1995
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1% dos casos de câncer de mama ocorre nos homens

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

O câncer de mama não é uma doença exclusiva de mulheres. Cerca de 1% dos casos incide em homens. Como nunca houve uma campanha de prevenção dirigida a esse público, os pacientes desconhecem o risco e acabam chegando ao médico com a doença em estado avançado.
A idade média do aparecimento do câncer de mama nos homens é ao redor dos 60 anos. Nas mulheres, a média é 50. Pesquisas recentes indicam que a idade está diminuindo ainda mais entre mulheres.
O homem tem muito menos tecido mamário que a mulher. Mesmo em homens obesos, as mamas volumosas têm mais tecido adiposo (gordura) que mamário.
Não se sabe ao certo a causa do câncer de mama nos homens. Os especialistas acreditam em uma combinação entre predisposição genética e alterações hormonais.
Homens que têm mãe, irmãs, primas ou tias que tiveram câncer de mama estão sob maior risco.
Algumas ocupações que expõem os trabalhadores a altas temperaturas podem causar uma espécie de "atrofia" nos testículos. Esse processo poderia levar a alterações hormonais que têm relação com o câncer de mama.
Para Mário Mourão Netto, do Hospital A.C. Camargo, da Fundação Antônio Prudente, a incidência de câncer de mama em homens não está aumentando. Segundo ele, apenas em algumas regiões isoladas o número de casos é um pouco mais elevado.
Mourão Netto explica que o homem, a partir dos 50 anos, deve apalpar as mamas periodicamente.
Qualquer retração da pele, nódulo (caroço) atrás do mamilo ou da auréola ou saída de secreção sanguinolenta pelo mamilo deve ser comunicada ao médico.
Quanto antes o câncer de mama for detectado, maiores são as chances de sobrevivência e cura.
Um levantamento realizado pelo Hospital A.C. Camargo mostra que 70% dos homens que chegaram ao hospital com o câncer de mama entre 1953 a 1995 tinham a doença em estado muito avançado.
A experiência mostra que 80% desses pacientes morrem nos três primeiros anos do tratamento.
Mourão Netto diz que nos últimos anos uma mudança começou a se esboçar -os pacientes têm procurado o hospital mais precocemente, o que melhora muito o seu prognóstico.
Quando o diagnóstico é feito na fase inicial, a chance de sobrevivência salta para 80% a 90% nos dez primeiros anos do tratamento.
Mourão Netto explica que nem todo caroço significa câncer, mas só o médico pode descartar a suspeita. O diagnóstico precoce do câncer de mama tem também um lado econômico. Os gastos com um doente em fase inicial são de 20 a 30 vezes menores que o custo do tratamento em estados mais avançados.

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