São Paulo, domingo, 3 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Audi de alumínio tem conjunto imbatível

GRACILIANO TONI
EDITOR DE VEÍCULOS

Entre os efeitos da reabertura das importações, um dos melhores é a possibilidade de trazer o Audi A8 para o Brasil. Não é uma boa notícia para muitos, mas os poucos com dinheiro bastante (US$ 161.739,69) devem pensar seriamente em comprar um.
O BMW 750 é mais rápido que o A8; o Alfa-Romeo 164 24V, mais agressivo; o Mercedes-Benz série S, mais luxuoso e carismático. Só que o conjunto do Audi é o mais equilibrado.
Perde um pouco em estabilidade para um, em velocidade para outro, em acabamento para um terceiro. Mas, no geral, supera qualquer carro já testado pela Folha.
Tem sistema de câmbio Tiptronic, que permite troca manual das marchas apenas com um toque da alavanca -ela poderia ficar mais à esquerda; os engates poderiam ser mais rápidos, mas é muito melhor que os automáticos normais.
Para completar, carrega o charme de ser o único carro do mundo de produção normal totalmente em alumínio.
Além das óbvias vantagens de marketing, o uso do metal, mais leve que o aço (empregado em quase todos os carros), permite ganhos significativos em relação ao desempenho.
O A8 pesa menos -250 kg, segundo a Audi- que seus rivais de mesmo porte feitos de aço. Com isso, acelera melhor e, mais importante, freia muito bem, é bom de curva e aceita sem reclamar mudanças rápidas de trajetória.
Para tanto, ajuda muito a ótima direção do carro, leve em manobras e muito -mesmo- firme em alta velocidade.
Correr, com o A8, é estar acima de 230 km/h. Até lá, o carro acelera com facilidade espantosa -no começo, é um pouquinho lerdo, perdendo, por décimos de segundo, para o Alfa-Romeo 164 na aceleração de 0 a 100 km/h, que é uma das medições universais de desempenho.
A 220 km/h, soa um sinal de alerta. Mantendo o pé no fundo, chega-se a 260 km/h no plano (o velocímetro tem marcação precisa e indica até 280 km/h).
Mesmo "voando" baixo, o Audi se mantém estável. Como em quase todas as situações, o carro é também muito silencioso.
A exceção vai para pisos muito irregulares -paralelepípedos, por exemplo. Mais que as suspensões, os pneus (Bridgestone, medida 225/55VR17) são o problema.
Qualquer obstáculo é fonte de um "tum" seco. Em costelas de vaca (microlombadas atravessadas na pista), o "tum-tum-tum" cresce, com as suspensões entrando na batucada.
Se a estrada for realmente ruim, o A8 reclama. As suspensões chegam ao fim de curso com facilidade, mostrando que estão mais para o veludo do piso europeu que para as crateras tropicais.
Mesmo nessa situação, o carro mostra muita valentia. Ele nunca sai da trajetória ideal, por mais que as suspensões estejam sobrecarregadas. Ter as quatro rodas tracionando o tempo todo ajuda o bom comportamento do A8.
É preciso ser muito chato para encontrar falhas de acabamento no carro, mas elas existem -por exemplo, rebarbas no plástico (plástico em carro de US$ 160 mil!) dos pára-sóis e das cortinas para os vidros traseiros.
Outro problema é o painel, um pouco empetecado. A mistura de sobriedade e esportividade conseguida na carroceria não se repete no painel. Também é um pouco estranho o cromado de alguns frisos e do gabarito da alavanca de câmbio -alumínio cairia bem.
Apesar de bastante comprido, o porta-malas do carro é raso e estreito, o que complica a vida do motorista na hora de levar carga volumosa, como malas grandes.

Texto Anterior: Jipe coreano Musso começa a ser vendido
Próximo Texto: De Tomaso Pantera bate recorde brasileiro
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.