São Paulo, segunda-feira, 4 de setembro de 1995
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TCU investiga compra suspeita do Exército

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O TCU (Tribunal de Contas da União) está investigando desde a semana passada uma compra do Exército no valor de R$ 10 milhões em medicamentos e equipamentos hospitalares. O material foi comprado pela Diretoria de Saúde do Exército, sem licitação, alegando "situação de emergência".
O tribunal já pediu oficialmente ao Exército que forneça todos os documentos relativos à compra. Remédios e equipamentos foram adquiridos para abastecer os 1.100 soldados brasileiros que foram enviados a Angola para integrar a missão de paz da ONU (Organização das Nações Unidas).
Para caracterizar a "emergência" da compra, o Exército alega que o Ministério da Fazenda e o Congresso aprovaram a liberação do dinheiro em 25 de julho, a apenas um mês da data do embarque da tropa -os primeiros 240 soldados embarcaram em 24 de agosto.
As Forças Armadas sabiam desde dezembro que iriam para a África. Segundo o Ccomsex (Centro de Comunicação Social do Exército), a Lei das Licitações não permite que o processo de compra seja antecipado quando não existe autorização do crédito.
"A licitação para escolher os fornecedores pode ser iniciada quando não existe verba, mas já existe a garantia do crédito. O Exército não tinha nenhuma das duas coisas", diz o Ccomsex.
O TCU está investigando a compra por suspeitar que sem a licitação duas empresas de Brasília possam ter sido beneficiadas, a B&B e a Unicon. Ambas são tradicionais fornecedoras do Exército.
O TCU quer saber, por exemplo, por que as duas foram privilegiadas, em detrimento de empresas cariocas, já que o material era para ser entregue ao 1º Batalhão de Engenharia de Combate, que fica no Rio de Janeiro.
Segundo denúncia de um ex-funcionário da B&B e da Unicon, os produtos fornecidos por essas duas empresas podem estar superfaturados em até 500%.
O Ccomsex informou que já abriu uma auditoria interna, mas alega que alguns dos produtos têm preços acima dos das farmácias porque as empresas fornecedoras tinham, obrigatoriamente, de "embalar tudo em condições de seguir de navio para a África".

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