São Paulo, segunda-feira, 4 de setembro de 1995
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Desaparecem os trilhos da ferrovia Madeira-Mamoré

ANDRÉ MUGGIATI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

Os trilhos da estrada de ferro Madeira-Mamoré estão sendo furtados e usados para fazer alicerces de casas e prédios em Rondônia, segundo a Funcer (Fundação Cultural do Estado de Rondônia, órgão do governo estadual correspondente à Secretaria da Cultura).
A estrada une a capital Porto Velho à cidade de Guajará-Mirim, em Rondônia. Foi inaugurada em 1912 a fim de transportar a borracha produzida na Bolívia.
A construção da ferrovia foi resultado do acordo de Petrópolis, de 1903. Pelo acordo, o Brasil construiu a ferrovia em troca do território do atual Estado do Acre.
A necessidade da ferrovia era decorrente das dificuldades para o transporte da borracha, já que os rios Madeira e Mamoré têm muitas cascatas e não são navegáveis por grandes embarcações.
Atualmente, a ferrovia está desativada para uso comercial. Apenas 23 km de seus 366 km são usados, para turismo.
O desaparecimento teria começado em 1973, quando a ferrovia foi desativada, mas se intensificou agora, segundo a Funcer.
Há um mês, quando a fundação fez um levantamento de custos para as obras de recuperação da Madeira-Mamoré (leia texto abaixo), foi constatada a falta de grande quantidade de trilhos.
Para o presidente da Funcer, Amizael Silva, o roubo foi praticado por empresas de construção civil. "O uso dos trilhos de aço para fazer alicerces diminui muito o custo das obras", afirmou.
Segundo Silva, parte dos trilhos da Madeira-Mamoré foi retirada pelo Exército, que construiu a BR-364, cujo trajeto é semelhante ao da estrada de ferro e cruza a ferrovia em alguns trechos. Esses trilhos foram guardados em depósitos e também desapareceram.

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