São Paulo, segunda-feira, 4 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Campeonato de um jogo só

CIDA SANTOS

Chegou a hora e a vez do Sul-Americano, o campeonato de um jogo só. Na América do Sul do vôlei, as chances de surpresas são remotas. Pode anotar: domingo, Brasil e Argentina decidirão mais uma vez o título, repetindo o que tem acontecido nos últimos 14 anos. E, quando tem brasileiro de um lado e argentino de outro, é promessa de muita rivalidade.
A tradição é de vitórias brasileiras. Em 20 Sul-Americanos disputados, o Brasil venceu todos, menos em 1964, quando não participou. Tem mais: até 1987, a seleção nunca tinha perdido para os argentinos. Foi essa derrota, na estréia do Pré-Olímpico de Brasília, que iniciou uma das maiores crises no vôlei brasileiro.
O fracasso da seleção no torneio, que foi vencido pela Argentina, teve pelo menos duas consequências na época: a demissão do então técnico José Carlos Brunoro e um racha definitivo na geração de prata. Os desentendimentos voltaram à cena e nunca mais foi possível ver Montanaro, William e Bernard jogando juntos na seleção. Foi quase o fim de uma era.
De volta ao presente, vale lembrar que o Brasil encontrará, no Sul-Americano, uma Argentina disposta a romper tradições. Fora do circuito da Liga Mundial, os argentinos têm trabalhado em silêncio. Comandados pelo ex-atacante Daniel Castellani, têm conseguido feitos inéditos: em março, ganharam pela primeira vez uma medalha de ouro no Pan.
Está certo: o Brasil não disputou o Pan com o time principal. Mas EUA e Cuba estavam lá completinhos. A estrela argentina é Marcos Milinkovic, 2,01 m e 23 anos. Ele é o Marcelo Negrão de lá. Aliás, Milinkovic e o Elgueta repetem o esquema de Negrão e Carlão: os dois se alternam no meio e ponta de rede. Fazem a posição, criada e batizada pelo técnico brasileiro, de meio não-fixo.
O Brasil também mostra caras novas no Sul-Americano. Giba, Reinaldo, Nalbert e Pinha são as esperanças do técnico Zé Roberto para montar uma equipe em que a diferença entre titulares e reservas seja cada vez mais reduzida.
A modernidade parece caminhar por aí mesmo. Veja a Itália: ela jogou a Liga Mundial sem o seu time "principal", foi campeã e mostrou que "reservas" são cada vez mais uma categoria em extinção na "azzurra". Na roda-viva do vôlei, com torneios como a próxima Copa do Mundo, onde são jogadas 11 partidas em duas semanas, ter um banco forte é uma enorme vantagem.

Texto Anterior: La Coruña bate Valencia com gols de Bebeto
Próximo Texto: Notas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.