São Paulo, segunda-feira, 4 de setembro de 1995
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Nada perdoa a chatice; a festa da MTV foi um grande fiasco

ANDRÉ FORASTIERI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Outro dia, defendi com unhas e dentes a instituição da "Democracia MTV", pela qual a audiência escolheria o presidente da República usando o esquema MTV. Depois de ver o primeiro MTV Video Music Awards Brasil (VMAs), retiro a proposta.
Tudo bem, a única escolha do público foi a final, os Paralamas do Sucesso, "Uma Brasileira" com Djavan. Uma daquelas músicas chatas que nascem clássicas e vão pentelhar por anos a fio.
O resto das escolhas foi feita por 101 "eleitos" (eu também), baseado em uma pré-lista de selecionados, escolhidos pelas gravadoras.

Chatice anormal
Tudo normal, tudo normal. Só não foi nem um pouco normal a chatice da transmissão. Eu ia, perdi o convite na última hora, fiquei meio chateado, mas depois de acompanhar a transmissão pela TV dei graças aos céus. Todo mundo que eu encontrei na sexta-feira passada concordou: o negócio foi chato para cacete.
Quem era aquela apresentadora drag queen? Por que o elenco inteiro da "TV Pirata" estava presente? Por que a MTV escolheu alguém daltônico para fazer o cenário e surdo para escolher a bandinha de coreto?

Patriotada pura
Vê bem, jóia e admirável premiar o pop brasileiro, ainda mais com uma certa ênfase para as bandas novas. Mas foi patriotada demais.
Aliás, lembrava muito o velho "Globo de Ouro", ou mais precisamente o "Cometa Loucura", onde Lauro Corona e Élida L'Astorino recebiam os luminares do rock carioca da época (Lobão, Barão, Kid Abelha, Marina, Absintho etc.).

Panelinhas
Aquela brodagem toda. Marisa, minha maravilhosa, Malu, absoluta, linda, Rita, perfeita, quem sou eu para apresentar Gil, G-I-L, com caixa alta. E Regina Casé.
Regina Casé pode ser simpática, engraçada, boa gente. E daí? Regina Casé representa as panelinhas mais nefastas da cultura brasileira. Esse país não tem jeito enquanto não derem um tiro na Regina Casé.

Premonição?
Pelo menos, não preciso gastar tempo e espaço precioso de jornal explicando por que é hediondo o clipe de "Segue o Seco", eleito o melhor do ano pelos 101 "eleitos". Já fiz isso semana passada... poderes premonitórios em ação.
Possivelmente eu esteja me deixando levar pelo meu saco cheio geral com relação à música e à televisão -MTV inclusa, especialmente depois que eles trocaram o Beavis pelo Cazé.
A saída está à vista. Vou comprar um videogame, para poder jogar "Killer Instinct". E isso que eu nem joguei ainda, só vi as figuras e ouvi a musiquinha.
MTV Video Awards. Valeu, rapaziada, pelas boas intenções, das quais o inferno está cheio.
Como disse um desumano crítico musical sobre o disco final de Cazuza, melhor sorte no ano que vem.

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