São Paulo, segunda-feira, 4 de setembro de 1995
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Bloqueio espúrio

É lastimável o pífio desempenho da Assembléia Legislativa de São Paulo. Deputados de partidos supostamente aliados ao governo, para pressionar por cargos, obstruem vergonhosamente a votação de projetos enviados pelo governador. Barganhas espúrias têm mantido a casa praticamente paralisada.
Tendo votado apenas cinco dos 28 projetos enviados pelo Executivo este ano, a Assembléia está com uma atuação largamente inferior ao mínimo aceitável. Eleitos e remunerados para legislar, os deputados paulistas não votaram nem sequer um projeto nos últimos dois meses. Isso não se deve à especial força da oposição, mas a uma pequena bancada de governistas descontentes.
É louvável a recusa do governador Mário Covas em lotear a administração com funcionários indicados politicamente por deputados. Nomear quadros segundo critérios de qualificação e competência responde de fato ao interesse público.
A lamentavelmente consagrada prática do "é dando que se recebe" está entre os grandes males do país. E, quando se trata a coisa pública como um balcão de negócios privados, é a população, evidentemente, que acaba prejudicada.
De qualquer governo, espera-se que ele seja efetivamente capaz de governar. Se a atual administração depara-se com resistências de deputados inescrupulosos, exige-se, no mínimo, que tais fatos sejam claramente expostos à opinião pública. É intolerável que, por motivos escusos, alguns deputados impeçam a Assembléia de legislar.

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