São Paulo, terça-feira, 5 de setembro de 1995
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França prende mais quatro em Mururoa

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

Mais quatro membros do grupo ambientalista Greenpeace foram presos ontem no atol de Mururoa quando invadiram as águas territoriais da Polinésia Francesa (oceano Pacífico) para protestar contra a retomada dos testes nucleares pela França.
É possível que o primeiro teste ocorra na manhã de hoje (começo da tarde, hora de Brasília), no atol de Fangataufa, a 40 km ao sul de Mururoa.
A primeira explosão deve testar uma ogiva nuclear construída em 1992 e que deve equipar os mísseis da nova frota francesa de submarinos.
A potência da ogiva é dez vezes superior à daquela lançada há 50 anos sobre a cidade japonesa de Hiroshima. A forma e o tamanho são parecidos com os de uma bola de rúgbi.
Oficialmente, no entanto, o governo francês diz que só vai anunciar as explosões experimentais horas depois de realizá-las. No dia dos testes, não será permitida a presença de jornalistas nos atóis.
No dia 1º de setembro começou a temporada francesa de testes nucleares. Os franceses pretendem explodir sete ou oito bombas até maio de 1996. O país é a terceira potência nuclear do planeta.
Ontem o pesquisador Jean-Jacques Cousteau pediu demissão do Conselho sobre as Gerações Futuras, do governo, em protesto contra a retomada dos testes.
Um grupo de navios liderado pelo Greenpeace, a "frota da paz" foi para o atol protestar contra a iniciativa francesa. Três barcos do Greenpeace já foram abordados pela Marinha francesa.
O Greenpeace francês disse à Folha que dois botes de borracha do grupo, os "zodíacos", entraram ontem na lagoa interna do atol de Mururoa.
Os quatro militantes ambientalistas, dois homens e duas mulheres, queriam entregar uma carta ao vice-almirante Philippe Euvert, comandante militar da Polinésia Francesa, que vai comandar os testes nucleares.
Segundo o Ministério da Defesa da França, os botes do Greenpeace foram detidos cerca de 200 metros antes de entrarem na lagoa do atol, que está fechada por cabos de aço e bóias.
Os militantes do Greenpeace querem impedir os testes se instalando nas plataformas dos poços de explosão.
Ontem o grupo ambientalista mandou mais um de seus barcos, o Manutea, para Mururoa, para fazer companhia ao veleiro Vega.
Um grupo de parlamentares alemães, japoneses e neo-zelandeses embarcou ontem no Macchias, com destino a Mururoa.
Segundo o governo francês, a atual temporada de explosões vai servir também para checar a confiabilidade das armas francesas para os próximos 15 anos, e obter dados para o programa de simulação de testes nucleares.
(VTF)

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