São Paulo, quinta-feira, 7 de setembro de 1995
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Cai popularidade de Chirac

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

Jacques Chirac é o presidente francês que teve a maior baixa de popularidade nos três primeiros meses de governo. Segundo pesquisa Ifop-"Journal du Dimanche", apenas 39% dos franceses estão satisfeitos com Chirac.
Em outras duas pesquisas divulgadas ontem, os satisfeitos também são minoria: 43% na Gallup-"L'Éxpress" e 41% na BVA-"Paris Match" (o primeiro nome indica o instituto de pesquisa, o segundo a publicação que publicou-a).
A maior queda do índice de prestígio popular entre os chefes de Estado da Quinta República francesa (cinco presidentes a partir de 1958) havia sido de seis pontos, no primeiro mandato de François Mitterrand. Chirac caiu 20 pontos na série do Ifop.
Pesquisa encomendada pelo jornal "Le Monde", publicada ontem, também apontou a desaprovação da maioria (59%) dos franceses aos testes nucleares.
O ministro da Defesa francês, Charles Millon, disse ontem na TV francesa que podem ocorrer apenas seis testes nucleares.
Esta é a quarta iniciativa apaziguadora do governo francês desde que começou a campanha internacional contra as explosões.
O governo já havia "reduzido" os testes de oito para sete, propusera a proibição total dos testes a partir de 1996 (o que não estava na agenda francesa) e havia permitido que uma comissão da União Européia inspecionasse Mururoa.
Apesar do novo e ligeiro recuo, o primeiro-ministro Alain Juppé disse que a condenação quase mundial das experiências nucleares da França "não causam nenhuma surpresa e estão bem próximas da histeria".
O ministro das Relações Exteriores, Hervé de Charette, disse, no entanto, que a "França está considerando ponderadamente a reação internacional".
Uma manifestação ontem em Paris reuniu o ex-primeiro ministro Pierre Mauroy, o primeiro-secretário do Partido Socialista, Henri Emanuelli, e o secretário-nacional do Partido Comunista, Robert Hue.
Segundo o ministério da Defesa, cada teste nuclear em Mururoa pode custar cerca de R$ 18 milhões. O orçamento do programa nuclear francês em 1995 é de cerca de R$ 400 milhões.
O teste de terça-feira, o primeiro dos que a França pretende realizar até maio de 1996, serviu para fornecer dados para o programa de simulação de testes nucleares do governo francês.
Os demais testes vão checar a eficiência de uma ogiva construída em 1992, que vai equipar sua frota de submarinos, e vão medir a segurança do atual arsenal francês.
A França já realizou 205 testes desde 1960, cerca de 10% dos testes nucleares realizados em todo o mundo desde 1945. Os EUA explodiram 1.030 bombas experimentais.

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